O maior festival de cultura negra do mundo se prepara para chegar mais uma vez ao Brasil. Em sua segunda edição – marcada para novembro – o AFROPUNK Bahia deve reunir mais de 30 atrações nacionais e internacionais em um encontro multicultural na cidade mais negra fora do continente africano: Salvador. Para este ano, o evento se destaca pela proposta de mistura entre estilos musicais, como o anúncio de Mc Carol, forte nome do funk carioca, que estará no palco com a A Dama, representante do ‘pagodão baiano’.
A porta-voz do festival no país, Raina Biriba, reafirma a importância desta edição em um período político e social em que a comunidade negra segue sendo violentada. Ela ressalta que um evento como esse, no Brasil, que tem sua população com mais de 50% declarada negra, é sinônimo de resistência e reafirmação de identidade.
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“O AFROPUNK surge como um motor que vai gerar uma economia da indústria criativa da música e da cultura. Quando a gente traz um festival desse porte descentralizafo do eixo sul e sudeste, realmente mobiliza uma cadeia econômica ali. E, para além disso, impacta a comunidade negra nacional local e internacional, pois a potência desse encontro, das pessoas se verem, se reconhecerem, verem sua beleza e força”, pontua.
Ela ainda adianta que, sobre a programação, em sua edição brasileira, o evento está se delineando e trazendo uma trilha sonora de ‘peso’ para sua celebração, que se revela diversa e política.
“O festival conduzirá a força de um aquilombamento contemporâneo, transformando o ponto de encontro no qual o público preto expandirá o seu ritmo e cultura na cidade mais negra”, afirma.
Um desses encontros, já anunciado, se dará pela conexão entre o grupo baiano ÀTTØØXXÁ e a cantora cutiribana Karol Conká. Agora, o grupo, que, além de RDD, é formado por Raoni Knalha, OZ e Chibatinha, sobe ao palco ao lado da cantora e promete trazer uma “revolução musical de vanguarda”, como adianta o evento.
“Desde a edição anterior, os encontros inovadores são uma marca do festival enquanto experiência única, que você só vai ver ali naquele ambiente, como a gente teve Ilê Aiyê com Tássia Reis, Urias com Vírus e agora do ÀTTØØXXÁ com Karol Conká. Ela, inclusive, foi a primeira negra da nova geração a trazer uma nova estética junto com o pop e o rap. Já o ÀTTØØXXÁ, por sua vez, também inovou e segue inovando dentro da linguagem, ali com essa antropofagia que engoliu o pagode, o trap, a música eletrônica e o pop, trazendo essa potência de som”, adianta Biriba.
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Além destes encontros já anunciados, também sobem ao palco nomes como Liniker, Emicida, Baco Exu do Blues, Psirico e a banda Black Pantera. De origem mineira, o grupo aborda em suas letras temas como política, racismo e outras formas de discriminação, além de ampliar a variedade sonora do festival com a mistura de subgêneros rockeiros, como punk, hardcore e heavy metal.
Sobre a expectativa para o evento, a organização adianta que espera, além dos shows e os encontros, que se estendem para as áreas de moda, gastronomia e empreendedorismo, o espetáculo do público. Para o AFROPUNK Bahia, as pessoas que comparecem ao evento promovem uma experiência à parte.
Com a espera de que cerca de 50 mil pessoas estejam presentes, o festival está marcado para os dias 26 e 27 de novembro, e acontecerá no Parque de Exposições, no bairro de Itapuã. Para as pessoas interessadas, os ingressos já estão disponíveis. Mais informações estão disponíveis na página oficial do AFROPUNK BAHIA, na mesma rede onde mais nomes de artistas ainda serão anunciados.
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