A Portela conquistou o título de melhor escola do Grupo Especial no Estandarte de Ouro 2024 e melhor enredo, em uma cerimônia marcada pela celebração da cultura afro-brasileira. A agremiação do Rio de Janeiro, que desfilou como a segunda escola na noite de segunda-feira (11), apresentou o enredo “Um Defeito de Cor”, baseado no livro de Ana Maria Gonçalves, que retrata a vida de Luísa Mahin, figura significativa na história do Brasil.
O desfile da Portela foi uma homenagem à luta das mulheres negras no país, contando a história das “negras mães de todos nós”. Com profundidade reflexiva, a escola mergulhou na trajetória dessas mulheres, explorando questões como identidade e luta dentro da sociedade brasileira.
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Durante a votação, os jurados destacaram a emoção que o desfile da escola passou. O enredo provocou emoções intensas e debates sobre a história e a cultura afro-brasileira, levantando questionamentos como “Por que somos? Por que assim fazemos? Por quem lutamos? Em memória do que?”.
A Portela levou ainda o prêmio de personalidade para Vilma Nascimento, porta-bandeira histórica da agremiação, que já tinha levado quatro estandartes de melhor porta-bandeira (1977, 1978, 1979 e 1989) e um de destaque feminino (1982).
Homenagem às mães de vítimas da violência
Um dos pontos altos do desfile da Portela foi a homenagem às mães de vítimas da violência no Rio de Janeiro. A escola fechou a sua passagem pela Marquês de Sapucaí com 16 mulheres no último carro, entre elas Marinete Franco, mãe da vereadora Marielle Franco, e Jackeline Oliveira, mãe de Kathlen Romeu — jovem que estava grávida e foi assassinada pelas forças policiais em 2021.
Todas elas levaram objetos como camisetas com fotos que lembram os filhos e exibiram durante o desfile. A participação das mães foi organizada pela coordenadora do Observatório das Favelas, Thaís Gomes. Em entrevista ao O Globo, ela explicou que as mulheres representam Luisa Mahin (ou Kehinde) do livro de Ana Maria Gonçalves.
Personalidades participaram do desfile
Personalidades conhecidas pelo público marcaram presença no desfile da Portela. O ator Lázaro Ramos e o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, representaram a figura de Luís Gama, filho de Luísa Mahin e considerado o patrono da abolição da escravatura do Brasil. As atrizes Taís Araújo e Sheron Menezzes e o humorista Paulo Vieira também estiveram presentes.
Nas redes sociais, Silvio Almeida parabenizou a escola pela história contada. “História de mães e filhos que se perdem nas tramas de uma sociedade racista que prende, rouba e mata. Ao fim, filho e mãe se reencontram. Luís Gama, Omotunde, guarda a memória da mãe e continua seu legado. Que a história do povo preto seja sempre consagrada como a Portela soube fazer”, publicou o ministro.