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Vídeo-protesto retrata memória de mulheres trans assassinadas em PE

Lançada hoje, performance intitulada “Incendiárias, filhas do fogo”, é realizada pelo Coletivo de Dança-Teatro Agridoce, que reúne 13 artistas trans e travestis do estado 

Texto: Redação I Imagens: Divulgação

 

Memória de mulheres trans mortas em PE é tema de vídeo-protesto

8 de outubro de 2021

Os incessantes casos de crimes de discriminação e ódio contra a população trans em Pernambuco motivou o Coletivo de Dança-Teatro Agridoce a lançar uma obra audiovisual em memória das vítimas intitulada “Incendiárias, filhas do fogo”. O vídeo-protesto conta com a participação de 13 artistas trans e travestis do estado, que caminham pelos pontos onde os crimes foram realizados. Com lançamento marcado para este sábado (9), o vídeo ficará disponível virtualmente até a noite do domingo (10). 

Com direção e roteiro assinados por Aurora Jamelo e Sophia William, “Incendiárias” compila cenas de mulheres trans e travestis em performance por espaços públicos, trazendo reflexões poéticas e sociais sobre o direito à vida da população trans em um Brasil líder em transvestifeminicídio. Os registros ora sintonizam com os sonhos e desejos dessas mulheres, suas raízes e verdades; ora denunciam medos, frustrações e agressões vivenciadas diariamente – uma provocação e, ao mesmo tempo, um manifesto pela existência dessa população.

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Em parceria com a Nova Associação de Travestis e Transexuais de Pernambuco (Natrape), a produção também insere na obra cenas captadas de um protesto encampado junto ao Coletivo, no último dia 13 de agosto. Nove artistas do elenco fizeram uma caminhada pelo centro do Recife, lembrando cinco mulheres trans e travestis assassinadas em Pernambuco, entre junho e julho de 2021 – Lorena Muniz, Kalyndra Selva, Roberta Nascimento, Crismilly Pérola e Fabiana da Silva. 

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“O vídeo é uma homenagem a essas vítimas, e, ao mesmo tempo, um manifesto contra o apagamento de nossas existências”, explica Sophia William, co-diretora e co-roteirista de “Incendiárias, filhas do fogo”. 

Entre os espaços ocupados está o Cais de Santa Rita, nas imediações do local onde a travesti Roberta Nascimento foi queimada viva no último 24 de junho. Carregada de respeito à ancestralidade trans, com referências à cultura afro-ameríndia, a obra também lembra figuras como Xica Manicongo – a primeira trans brasileira, assassinada no Brasil Colônia -, e Gisberta Salce Júnior – travesti assassinada em Portugal, em 2006. 

“O vídeo é uma homenagem a essas vítimas, e, ao mesmo tempo, um manifesto contra o apagamento de nossas existências”, explica Sophia William. 

De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), atualmente, a expectativa média de vida para pessoas transexuais no Brasil é de apenas 35 anos. Ainda segundo a leitura da associação, Pernambuco se situa como o 7º estado mais perigoso para transexuais no país. 

Em “Incendiárias, filhas do fogo” protagonizam as artistas Sharlene Esse, Sophia William, Jorja Moura, Aurora Jamelo, Pietra Tenório, Renna, Lorrany Silva, Cora Losty, Sabrina Raissa, Catarina Almanova, Leandra Salles, Estella Koral e Yafé Dias. Conta ainda com a participação dos atores Flávio Moraes e Nilo Pedrosa. 

CAMPANHA

Durante a exibição da obra no YouTube durante o final de semana (9 e 10 de outubro), uma janela para doação estará disponível para ajudar nos trabalhos realizados pela Nova Associação de Travestis e Transexuais de Pernambuco (Natrape), instituição não governamental com intuito de garantir políticas públicas e assistência à população T. Para assistir ao vídeo-protesto e contribuir, acesse o link às 20h neste sábado.  

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