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‘Vão’: Jornalista da periferia retrata em livro o cotidiano dos trens de SP

A coletânea de poesias e crônicas “VÃO: trens, marretas e outras histórias” está a venda pela editora Patuá; segundo a autora, a jornalista Jéssica Moreira, a leitura é rápida e profunda

Texto: Thais Rodrigues | Edição: Nataly Simões | Imagem: LuanKPhoto 

Imagem mostra Jéssica Moreira em uma plataforma de trens da CPTM

Imagem mostra Jéssica Moreira em uma plataforma de trens da CPTM

16 de novembro de 2021

“Muitas vezes, em meio ao nosso cansaço, esquecemos de olhar o entorno. Nosso dia a dia cai no modo automático e adoecemos diante da correria do relógio: o dos trens, das fábricas ou escritórios”, relata a escritora e jornalista Jéssica Moreira.

Nascida e criada em Perus, bairro da periferia da região noroeste de São Paulo, ela utilizou a literatura para retratar o cotidiano de quem utiliza o transporte público da maior metrópole da América Latina. “VÃO: trens, marretas e outras histórias” é um livro de crônicas e poesias idealizado para ser lido em uma viagem de trem. A obra, lançada oficialmente no dia 13 de novembro, está disponível para venda online.

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“Dentro do aperto da lotação dos trens e de todas as dificuldades que encontramos ao utilizar esse transporte, há muita vida, muitas histórias a serem narradas. Somos gente, com muitas histórias e muitos sonhos, mesmo em face do cansaço diário de gastar 1h, 2h ou até 3h só para chegar até o trabalho”, aponta a autora. Escrito durante seus próprios traslados, o livro versa sobre mobilidade urbana, desigualdade socioeconômica e outros diversos aspectos da vida em uma grande cidade. 

As histórias narram o dia a dia dos trens da linha 7-Rubi, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na região noroeste de São Paulo. Segundo a artista, os poemas são de leitura rápida, “mas profundos como o vão que separa o trem da plataforma”. 

“Mais que um retrato crítico das superlotações dos trens e da dificuldade diária que todas e todos nós enfrentamos nos trens, VÃO fala sobre as pessoas. O público irá entender que a sua própria história, enquanto trabalhadora ou trabalhador, também é importante. E que a história oficial (esta que está nos livros didáticos), só existe porque as nossas pequenas-grandes histórias existem”, diz.

Segundo a CPTM, em setembro de 2021, a Linha 7-Rubi, cenário no qual as histórias foram inspiradas, chegou a mais de 6,4 milhões de usuários. Mesmo diante da pandemia de Covid-19, as populações periféricas nunca deixaram de utilizar o trem. Em média, a companhia transporta 3 milhões de pessoas por dia em seus 271 km de extensão das linhas operacionais.

O livro possui 124 páginas e compõe o portfólio de obras que Jéssica assina. Aos 30 anos de idade ela é uma das autoras de “Queixadas – por trás dos 7 anos de greve (2013)”, “Heroínas dessa História – mulheres em busca de Justiça por familiares mortos pela ditadura (2020)”, “Longe de Monte Carlo (2020)” e “Chão Vermelho (2021)”. 

Além disso, ela é co-fundadora do Nós, mulheres da periferia; repórter da Agência Mural de Jornalismo das Periferias; coautora do Blog Morte Sem Tabu, da Folha de S.Paulo; integra o coletivo poético Terracota e é uma das organizadoras da Festa Literária Noroeste.

Leia mais: Um raio de tristeza na Favela do Recanto

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