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Auxílio emergencial de 300 reais não garante nem comida a famílias negras e pobres, diz economista

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1 de setembro de 2020

Anúncio de prorrogação do auxílio e redução do valor pela metade foi feito neste dia 1º de setembro pelo governo de Jair Bolsonaro

Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Agência Brasil

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou hoje (1º) que o auxílio emergencial será prorrogado em mais quatro parcelas e terá redução de R$ 600 para R$ 300. O novo valor é insuficiente para garantir a segurança alimentar das populações mais vulneráveis, ou seja, as pessoas negras e pobres que vivem em grandes centros não conseguirão comprar comida suficiente para todos os membros da família.

O auxílio é destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados, como forma de dar proteção emergencial durante a crise causada pela pandemia da Covid-19, o novo coronavírus. O benefício começou a ser pago em abril, e foi estabelecido em três parcelas de R$ 600, devido à pressão feita pelo Congresso Nacional.

O governo Bolsonaro informa ainda que a “ajuda financeira foi suficiente para superar em 16% a perda da massa salarial entre as pessoas que permaneceram ocupadas”, segundo a análise que usa como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A redução terá impacto bastante significativo para a população negra, que é 70% dos mais pobres e a mais vulnerável. “No Rio, São Paulo e grandes cidades esse valor não é capaz sequer de garantir segurança alimentar”, ressalta a economista Regiane Vieira Wochler, professora universitária e fundadora da consultoria Reconomizar.

A preocupação da especialista é a redução de renda em um momento que a economia ainda não retomou o crescimento e não há geração de novos empregos. “Isso vai piorar a qualidade de vida das pessoas, que passarão a ter que se preocupar com segurança alimentar”, afirma. Entre os informais, foco do programa, a atividade ainda não foi retomada como esperado e há crescimento do desemprego.

Regiane alerta ainda que a economia está fragilizada e que falta estratégia do governo para uma saída mais organizada da crise econômica decorrente da pandemia. “O governo está mais preocupado a dar socorro a bancos do que a pequenos negócios que são responsáveis por grande número de vagas de trabalho”, considera.

O que diz o governo

Em junho, por decreto, o governo prorrogou o auxílio por mais duas parcelas, no mesmo valor. Agora, com mais quatro parcelas, em valor menor, o benefício vai se estender até o final do ano. “O valor, como vínhamos dizendo, R$ 600 é muito para quem paga e podemos dizer que não é o valor suficiente para todas as necessidades [das famílias], mas basicamente atende”.

De acordo com a Agência Brasil, cerca de 4,4 milhões (6,5%) de domicílios brasileiros sobreviveram, em julho, apenas com a renda do auxílio emergencial pago pelo governo federal para enfrentar os efeitos econômicos da Covid-19. Entre os domicílios mais pobres, os rendimentos atingiram 124% do que seriam com as rendas habituais, aponta estudo publicado na quinta-feira (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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