Em documento, 22 entidades da sociedade civil organizada pedem reunião com o governador para debater ações contra a violência do Estado e o genocídio contra a população negra
Texto: Redação I Edição: Nataly Simões I Imagem: Fotos Públicas
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Nos últimos meses, mesmo durante o período de isolamento social por conta da pandemia da Covid-19, as mortes provocadas por agentes da segurança pública em São Paulo apresentaram números alarmantes. Em abril, por exemplo, 119 pessoas foram mortas pela Polícia Militar, uma alta de 53% na comparação com os 78 assassinatos do mesmo mês em 2019.
Em razão do perfil dos mortos, sobretudo nas periferias, onde as vítimas são jovens e de pele negra, 22 entidades da sociedade civil organizada elaboram um ofício e pedem uma reunião em caráter de urgência com o governador João Doria (PSDB) para discutir medidas contra o genocídio da população negra, contingente populacional que representa 35% dos habitantes do estado paulista e cerca de 54% da população do país.
“O Estado de São Paulo tem ceifado vidas e não se trata de fenômeno isolado. Pelo contrário, a violência de Estado que se dirige contra a juventude negra e periférica é marca inconteste do racismo estrutural brasileiro e toma proporções de genocídio, alimentado também pela omissão e falta de políticas de controle do uso da força estatal”, diz um trecho do documento enviado ao governador João Doria.
De acordo com as instituições que assinam o pedido de audiência com o governador, a solução não pode se limitar apenas ao afastamento dos indivíduos responsáveis por uma ou outra ocorrência. “As providências sejam pensadas de forma abrangente e estrutural” considerando “propostas baseadas em estudos e dados” para “ para reduzir, senão eliminar, os índices altíssimos de violência e letalidade policial”, pontua o documento.
Desde o dia 7 de junho, diversos atos antirracistas reuniram milhares de pessoas no estado de São Paulo e em outras regiões do país. Uma das principais reivindicações é o fim da violência policial.
Assinam o manifesto as seguintes entidades da sociedade civil organizada: 342 Artes, Articulação Nacional pela Superação da Violência Institucional, ARTIGO 19, Associação Brasileira de Imprensa, Comissão Arns, Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, Conectas Direitos Humanos, Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Fórum em Defesa da Vida, Grupo Prerrogativas Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, Instituto Alana, Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Instituto de Defesa do Direito de Defesa, Instituto Sou da Paz, Instituto Vladimir Herzog, Movimento Independente Mães de Maio, Núcleo de Estudos da Violência – NEV/USP, Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, Sociedade Santos Mártires e Uneafro.