PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Pioneira no cinema, Adélia Sampaio fez história com filme de romance entre mulheres

Ela foi a primeira negra a dirigir um filme no Brasil e a primeira mulher da América Latina
A imagem mostra a cineasta Adélia Sampaio, a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil e na América Latina.

Foto: Sul21/Guilherme Santos

19 de março de 2024

Reconhecida por ser a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem, Adélia Sampaio fez história ao encabeçar a produção de Amor Maldito (1984), um romance de ficção que trata de mulheres que se apaixonam e tenta lidar com o preconceito e repressão familiar.

Se atualmente não há equidade racial e de gênero nas produções cinematográficas e audiovisuais brasileiras, em 1984, quando Amor Maldito foi feito, era ainda mais dificil, como reforçou Adélia Sampaio em entrevista ao Brasil de Fato (BdF). Sem recursos ou financiamentos, a diretora finalizou a obra inteiramente de modo cooperativo.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais, Adélia teve seu primeiro contato com o cinema aos 13 anos, e viveu com a certeza de que um dia teria um filme exibido nas telonas. Em 1968, já no Rio de Janeiro, começou a trabalhar na Difilm, uma produtora que lançou nomes importantes do Movimento Cinema Novo. No convívio com realizadores do cinema, ela ainda trabalhou como maquiadora, câmera, montadora e produtora antes de se tornar diretora.

A imagem mostra a diretora durante as gravações de um de seus filmes.
A imagem mostra a diretora durante as gravações de um de seus filmes. Acervo pessoal/Reprodução

Por conta de polêmicas que envolviam o enredo de Amor Maldito, o filme foi rejeitado pela Empresa Brasileira de Filmes S.A (Embrafilme), empresa estatal que desempenhava a função de distribuir as produções nas salas de cinema. Sampaio aceitou lançar o filme na categoria adulto, assim, o filme pôde ser exibido em oito salas de cinema em São Paulo.

O filme foi gravado durante a Ditadura Militar, o que deu à diretora ainda mais autoridade para fazer parte da produção do filme “AI-5, O Dia Que Não Existiu” de 2001, que denuncia o sangrento regime que foi instaurado no Brasil. O filme foi dirigido junto com o jornalista Paulo Markun.

Antes, Adélia dirigiu o longa “Fugindo do Passado (1987). Como produtora, Adélia participou dos filmes “Parceiros da Aventura (1980)”, “Ele, Ela, Quem? (1980)” e “”O Segredo da Rosa (1974)”. Amor Maldito e outras obras estão disponíveis no canal de YouTube da cineasta.

Atualmente com 80 anos, a diretora viaja pelo Brasil em atividades de exibição e debates de suas obras.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano