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Mulheres negras sem renda lideram maioria das comunidades na Baixada Santista

Pesquisa aponta perfil de lideranças e destaca dificuldades financeiras e falta de acesso a políticas públicas
Imagem de lideranças negras no Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro. Segundo pesquisa, mulheres negras sem renda formam maioria das lideranças da Baixada Santista.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

24 de junho de 2024

Um estudo recente intitulado “Território e Comunidades da Baixada Santista”, realizado pelo Instituto Elos, revelou que 70% das 37 lideranças comunitárias dos municípios de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Peruíbe são mulheres que se autodeclaram negras. Alarmantemente, 96% dessas lideranças não possuem renda pessoal.

A pesquisa mostrou ainda que 62% dessas líderes atuam há mais de vinte anos e 61% têm mais de 50 anos. O objetivo do estudo foi traçar um panorama atual das lideranças, organizações e territórios da Baixada Santista no período pós-pandemia. Além disso, buscou mapear o acesso aos bens e serviços públicos e avaliar as condições institucionais das ações de fortalecimento comunitário na região.

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Entre os maiores desafios enfrentados pelas lideranças, destacam-se a falta de acesso a recursos financeiros para manter as associações comunitárias e a desmobilização das comunidades, mencionados por 87% e 74% das entrevistadas, respectivamente. A falta de acesso às políticas públicas foi apontada como um desafio por 70% das lideranças. No entanto, apenas 35% delas participam de conselhos ou iniciativas de diálogo com o setor público.

A divulgação da pesquisa coincidiu com a semana do dia 21 de junho, data comemorativa do Dia da Educação Humana Não Sexista. Instituída em 1991 pela Rede de Educação Popular entre Mulheres da América Latina e do Caribe (Repem), essa data visa promover a igualdade de gênero e a educação inclusiva.

Em entrevista à Agência Brasil, Natasha Gabriel, diretora de projeto do Instituto Elos, destacou que as mulheres à frente das organizações são aquelas que fazem um trabalho de cuidados social e coletivo, voltado para a economia do cuidado não só no ambiente doméstico e familiar, mas no coletivo por meio dos trabalhos sociais nos territórios.

Para Natasha, há uma necessidade de se pensar em um arranjo social justo, já que essas mulheres na liderança há mais de 20 anos também possuem um emprego formal remunerado e cuidam da casa da família. Uma jornada tripla, na qual, segundo ela, 96% dessas mulheres atuam sem remuneração pessoal.
Texto com informações da Agência Brasil.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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