Na quinta-feira (26), um torcedor do clube Mallorca foi condenado pela Justiça espanhola por proferir ofensas racistas aos jogadores negros Vinicius Jr., do Real Madrid, e Samuel Chukwueze, do Villarreal, durante jogos da temporada de 2023 da LaLiga.
O caso ocorreu em fevereiro de 2023, no qual o torcedor foi filmado chamando Vini Jr. de “macaco”. Duas semanas após ofender o atacante brasileiro, o mesmo homem insultou Chukwueze no estádio Son Moix. Ele já havia sido investigado por crime de ódio em outra ocasião e foi punido com multa e suspensão de recintos esportivos por 12 meses.
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A nova sentença, divulgada em nota pelo Real Madrid, declara o réu culpado por crimes contra a integridade moral, agravados por motivações racistas. O tribunal determinou a pena de 12 meses de reclusão para o acusado, que também está proibido de frequentar qualquer estádio que sediar partidas da Liga Nacional de Futebol Profissional e da Real Federação Espanhola de Futebol por três anos.
O agressor, no entanto, não irá para cadeia. A pena de prisão foi suspensa depois que o torcedor pediu desculpas e demonstrou arrependimento em carta enviada ao brasileiro durante programa de igualdade de tratamento e não discriminação.
Em nota, o clube de Madri informou que outra pessoa da torcida também foi proibida de acessar os estádios por um ano. O rapaz, que é menor de idade, foi racista com o zagueiro francês Aurélien Tchouameni, durante partida contra o Mallorca em abril.
O adolescente ainda deverá realizar atividades socioeducativas e pagar multas estabelecidas pela Comissão Estatal contra a Violência, o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância no Esporte.
“O Real Madrid, que atuou como acusação particular junto com seus jogadores nesses processos, continuará trabalhando para proteger os valores do nosso clube e erradicar qualquer comportamento racista no futebol e no esporte”, declarou a equipe espanhola em nota.
Racismo no futebol brasileiro cresce em 2023
De acordo com o levantamento divulgado pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol na última quinta-feira (26), os casos de racismo no futebol brasileiro aumentaram quase 40% em 2023.
No ano passado, os campeonatos registraram 136 ocorrências envolvendo racismo nos campos. Em 2022, foram 98 ocorrências. A ONG realiza o monitoramento desde 2014 e aponta que o índice atual é o maior observado desde o começo da contagem.
“Desde 2016, observa-se um avanço anual, à exceção em 2020, em função da pandemia do novo coronavírus. Em relação a 2014, primeiro ano do monitoramento realizado pelo Observatório, os incidentes aumentaram em 444% (de 25 para 136)”, diz trecho da pesquisa.
O documento, elaborado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), também identificou outros 222 casos envolvendo discriminações raciais, xenofóbicas, de gênero, e em razão da orientação sexual, contra atletas, torcedores e árbitros no futebol.