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Vida Além do Trabalho: entenda o movimento que prega o fim da escala 6 por 1

Criador da manifestação foi eleito vereador pelo PSOL no primeiro turno das eleições municipais
Cartaz em manifestação do movimento Vida Além do Trabalho: pelo fim da escala de 6×1.

Foto: Davi Pinheiro / Divulgação

15 de outubro de 2024

Preocupados com as condições de trabalho no Brasil, um grupo liderado pelo influenciador digital Ricardo Azevedo, fundou o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), com o intuito de pôr fim à escala 6×1. A jornada exige que o profissional tenha direito a um dia de descanso a cada seis dias de trabalho.

O movimento ganhou força após Azevedo publicar uma série de vídeos no TikTok em 2023, nos quais desabafava sobre a sua carga horária e escala intensa de trabalho como balconista de uma farmácia no Rio de Janeiro.

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“Quero saber quando é que nós, da classe trabalhadora, iremos fazer uma revolução nesse país relacionada à escala 6×1. É uma escravidão moderna. Se a gente não se revoltar, colocar a boca no mundo, meter o pé na porta, as coisas não vão mudar”, diz o ativista em um dos vídeos virais.

Em 6 de outubro, Ricardo Azevedo foi eleito vereador pelo PSOL no primeiro turno das eleições municipais. A notícia reforçou o debate sobre o fim da jornada e uniu trabalhadores que compartilham desta visão. 

Enquanto a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) não especifica escalas e permite o trabalho de até 44 horas semanais divididas em oito horas diárias com a garantia de um dia de descanso a cada seis trabalhados, o VAT propõe uma revisão da legislação.

Carga horária abusiva

Diante deste cenário, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) publicou um vídeo em suas redes sociais no dia 1º de maio, o Dia do Trabalhador, no qual afirmou que apresentaria ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para solicitar a revisão da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

“Trabalhar seis dias seguidos para folgar um, para então começar mais uma semana de seis dias de trabalho não é vida. É exploração incompatível com a dignidade humana, mas permitida na nossa Lei. Não dá para viver só um sétimo da própria vida, não existimos apenas para trabalhar. Nossa Lei precisa mudar”, argumentou Hilton.

A parceria da parlamentar com o movimento resultou em um abaixo-assinado que prega a implementação de “alternativas que promovam uma jornada de trabalho mais equilibrada, permitindo que os trabalhadores desfrutem de tempo para suas vidas pessoais e familiares”, como diz a petição pública com mais de 1,3 milhão de assinaturas até o momento.

A iniciativa destaca que a jornada de trabalho no Brasil frequentemente ultrapassa limites razoáveis, com a escala de trabalho 6×1 sendo uma das principais causas da exaustão física e mental dos trabalhadores.

“A carga horária abusiva imposta por essa escala de trabalho afeta negativamente a qualidade de vida dos empregados, comprometendo sua saúde, bem-estar e relações familiares”, diz trecho da petição. 

Segundo dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam a síndrome de burnout, uma condição ocupacional classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso. Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição mundial em casos diagnosticados, em primeiro lugar, está o Japão.

Além da redução da jornada de trabalho, os organizadores da petição propõem um debate público e transparente, com participação ampla da sociedade, e a elaboração de políticas públicas de proteção ao trabalhador.

A iniciativa também demanda uma fiscalização rigorosa para garantir o cumprimento das novas regulamentações, e a punição para empresas que desrespeitarem os direitos dos trabalhadores.

Vitória dos trabalhadores em Pindamonhangaba 

Em Pindamonhangaba (SP), trabalhadores da fábrica Gerdau conquistaram, no mês de setembro, a reivindicação pelo fim da escala 6×1. A filial atua no ramo do aço com foco no setor automotivo e emprega hoje cerca de 2.500 funcionários.

O acordo estabelece a migração de todos os funcionários que hoje estão nesse modelo para outras jornadas a partir de janeiro e proíbe que empresa volte a utilizar essa escala. Todos os direitos também foram mantidos.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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