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Lula demite Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres; Márcia Lopes assume pasta

Essa é a segunda mudança ministerial em menos de uma semana. Durante seu mandato, Cida foi alvo de denúncias de assédio moral, conforme revelado pela Alma Preta em 2024.
O presidente publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Gonçalves e Lopes anunciando a mudança.

O presidente publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Gonçalves e Lopes anunciando a mudança.

— Ricado Stuckert/PR

5 de maio de 2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres nesta segunda-feira (5). A substituta, já apresentada oficialmente, será a assistente social e professora Márcia Lopes.

Uma nota no site do governo federal confirma a mudança, que deve sair ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União.

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A exoneração de Cida é a segunda em menos de uma semana. Antes dela, na última sexta (2), o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, deixou o cargo para a entrada de Wolney Queiroz. Com Cida, foram 12 mudanças de ministros no atual mandato do governo Lula. 

Cida Gonçalves estava há dois anos e quatro meses na pasta das Mulheres, ou seja, desde o início do terceiro mandato do governo Lula. Durante o período, foi alvo de denúncias formais de assédio moral contra servidoras e ex-funcionárias, conforme revelado em primeira mão pela Alma Preta em outubro de 2024.

Mas o tom da troca ministerial foi de consenso. Logo após a publicação da nota, o perfil do presidente em uma rede social publicou uma foto ao lado de Gonçalves e de Lopes. Também estava presente a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann:

“Eu e a ministra Gleisi Hoffmann recebemos hoje pela manhã, dia 5 de maio, no Palácio do Planalto, a assistente social, professora e ex-ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes, a quem nomeei e dei posse no cargo de Ministra das Mulheres, em substituição à companheira Cida Gonçalves, que também participou do encontro”, escreveu.

Denúncias de assédio moral

Servidoras e ex-funcionárias relataram situações de assédio moral dentro do Ministério das Mulheres, em especial contra mulheres negras. As acusações foram direcionadas para a chefe da pasta, Cida Gonçalves, e para a secretária-executiva, Maria Helena Guarezi.

A Alma Preta conversou com dezessete funcionárias e ex-funcionárias da pasta, que confirmaram situações de assédio moral dentro do Ministério das Mulheres.

Entre as vítimas estava Carmen Foro, que esteve à frente da Secretaria Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política até agosto de 2024. Ela foi exonerada enquanto estava de atestado médico.

Ela e sua equipe teriam sofrido uma série de episódios de assédio moral. Em pouco mais de um ano e meio, 59 pessoas saíram do Ministério das Mulheres, segundo dados disponibilizados no Diário Oficial da União.

Em janeiro deste ano, a Controladoria-Geral da União (CGU) encaminhou para a Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República denúncias relacionadas a supostos casos de assédio moral envolvendo Gonçalves.

Quem é Márcia Lopes?

Paranaense, Márcia Lopes se formou em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde trabalhou como professora. Ela também é mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Filiada ao PT desde os anos 1980, ela já foi ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome em 2010, no segundo mandato de Lula. É considerada uma liderança tradicional do partido.

Antes disso, atuou como secretária-executiva e secretária nacional de Assistência Social da mesma pasta, entre 2004 e 2008.

Também foi secretária de Assistência Social de Londrina e vereadora na cidade no início dos anos 2000. Em 2012, se lançou candidata a prefeita, mas terminou na terceira colocação. 

É irmã de Gilberto Carvalho, um dos assessores mais próximos de Lula e quadro histórico do PT.

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  • Fernando Assunção

    Atua como repórter no Alma Preta Jornalismo e escreve sobre meio ambiente, cultura, violações a direitos humanos e comunidades tradicionais. Já atua em redações jornalísticas há mais de três anos e integrou a comunicação de festivais como Psica, Exú e Afromap.

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