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“Vocês existem no Congresso espanhol”, diz brasileira eleita como deputada na Espanha

Após participar da COP 26, comitiva negra e quilombola do Brasil denuncia racismo ambiental na Europa

Texto: Thaís Rodrigues | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Coalizão Negra por Direitos

12 de novembro de 2021

A comitiva negra e quilombola brasileira, formada pela Coalizão Negra por Direitos, Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), Uneafro Brasil e Movimento de Pescadoras e Pescadores Artesanais do Brasil, está na Europa para denunciar o racismo ambiental e suas consequências. Na terça-feira (9), os movimentos se reuniram, em Madri, com a parlamentar Maria Dantas, primeira deputada brasileira eleita na Espanha.

Na ocasião, a parlamentar afirmou à comitiva que o Congresso espanhol está sensibilizado em desenvolver projetos em defesa e garantia dos direitos humanos no Brasil. “Vocês existem, agora, no Congresso espanhol”, exclamou Maria Dantas. No mês de outubro, ela conseguiu aprovação de uma moção em solidariedade à luta da população brasileira pela vida, pelo meio ambiente e pela democracia.

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Dantas é advogada e sergipana, natural de Aracaju. Especialista em direito ambiental, foi eleita em 2019 para o parlamento espanhol pelo partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).

“É importante que vocês estejam aqui hoje porque vocês interpelaram os e as parlamentares espanhóis, eles não conheciam a palavra quilombola e vocês explicaram o que significa, não somente etimologicamente a palavra quilombola, mas o que significa ser quilombola. Então, daqui podem sair muitas iniciativas em prol das ações das populações quilombolas e indígenas no Brasil”, disse a congressista.

Segundo ela, existem iniciativas parlamentares que, diferente de muitas outras, tiveram adesão de muitas forças políticas espanholas. “Eles [os parlamentares] fizeram um discurso muito bonito na Comissão de Exteriores, pela população quilombola, pelos povos indígenas, pelas mulheres, pela população LGBTQIA+, pelas crianças e adolescentes, pelos biomas, pela Amazônia, pela democracia”, explicou.

O encontro fez parte da agenda estratégica do movimento negro brasileiro para realizar incidências políticas e denunciar como comunidades são sistematicamente submetidas a situações de degradação ambiental. Após passar pela Escócia, onde participou da 26ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP26), a comitiva se encaminhou para Paris, Madri, Berlim e Munique.

Comitiva negra em Madri | Créditos: Pedro BorgesComitiva negra em Madri | Créditos: Coalizão Negra por Direitos

De acordo com a Coalizão Negra por Direitos, essa é a primeira vez do movimento negro e quilombola em uma experiência nessa proporção. Em Madri, a Coalizão se reuniu com a comunidade negra africana e afrodescendente. “Agora é para o mundo. Povo negro brasileiro na luta por um país sem racismo”, ressaltou o representante do movimento Douglas Belchior.

Agenda política

Nesta segunda-feira (8), o grupo se reuniu com o vice-prefeito de Paris, Jean-Luc Romero, encarregado dos assuntos internacionais na cidade. A questão dos povos originários foi reforçada nas discussões sobre combate ao aquecimento global, sendo apresentada a carta manifesto pela titulação dos territórios quilombolas, pelo desmatamento zero e pela demarcação de terras indígenas.

A comitiva também realizou evento público no Centro Internacional de Cultura Popular, na capital francesa. Já em Munique, na Alemanha, a Coalizão fez um debate sobre racismo ambiental e desigualdades climáticas com Christian Russau, jornalista e cientista social alemão. A agenda vai até o dia 12 de novembro com manifestações de enfrentamento às violências que a população negra sofre diariamente no Brasil.

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