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Parlamentares visitam Fundação Palmares e constatam sumiço de parte do acervo

Comissão da Cultura da Câmara fez uma vistoria nas condições gerais do acervo e diversas obras e documentos não foram encontrados; Fundação terá que se explicar

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Richard Silva

parlamentares fazem vistoria na fundação palmares e acervo incompleto

30 de junho de 2021

Seis parlamentares da Comissão de Cultura da Câmara foram nesta quarta-feira, dia 30, até a sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília, e encontraram parte do acervo guardado em caixas de papelão empilhadas em uma sala inapropriada. Segundo os membros da comissão, o material “corre grave risco de deteriorização”. Além disso, foi constatado o sumiço de obras de arte, presentes e documentos.

O presidente da Palmares, Sérgio Camargo, que elaborou uma lista de obras para serem expurgadas do acervo, não estava na instituição no momento da inspeção.

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Os parlamentares deixaram um ofício, que estabelece um prazo de cinco dias para que seja feita uma vistoria técnica da equipe do Centro de Documentação e Conservação da Câmara. Um relatório deve ser elaborado para que se identifique o nível de comprometimento do acervo, que inclui livros, documentos, obras de artes, fotografias e filmagens.

“A sensação é que estamos perdendo a memória histórica do povo negro brasileiro, a memória das lutas e revoluções dos negros”, lamenta a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), da comissão de Cultura da Câmara.

Durante a inspeção no prédio da Fundação Cultural Palmares, os parlamentares identificaram que o acervo não estava devidamente identificado e conservado. “Achamos o acervo incompleto, sem a umidade medida, sem temperatura adequada e guardados em caixas de papelão”, diz a deputada Alice Portugal, presidente da Comissão de Cultura.

A parlamentar destacou que não foram encontradas cartas de alforrias, livros de assentamentos de quilombos, fotografias e obras de arte, entre outros itens. “É um caso de polícia. É necessário o resgate do patrimônio da Fundação, da exposição pública e acesso para os pesquisadores. Vimos aqui um desmonte da Fundação Cultural Palmares e o Brasil precisa saber disso”, aponta.

Além de Alice Portugal e Benedita da Silva, os deputados que participaram da inspeção foram: Érika Kokay (PT/DF), Fernanda Melchionna (PSOL/RJ), Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e Orlando Silva (PCdoB/SP).

O acervo da Fundação Cultural Palmares está encaixotado desde janeiro, quando foi feita a mudança da sede. De acordo com os parlamentares, não foram encontrados os presentes dados ao Brasil por personalidades como Nelson Mandela, obras de Rubem Valentim e mestre Didi e os acervos do Festival Mundial de Arte Negra (no Senegal, em 2010) e do Observatório Afro Latino.

“Boa parte do acervo nós não encontramos. São itens que sumiram. O que sobrou não está conservado adequadamente. Não existe nem um sistema de catalogação do acervo”, afirma a deputada Érika Kokay.

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com a Fundação Palmares para solicitar um posicionamento sobre os apontamentos dos parlamentares e a agenda de compromisso do presidente Sérgio Camargo na hora da inspeção. Até o fechamento desta matéria, a instituição não respondeu.

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