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Pequena nação africana exige indenização e retorno de ilhas do Reino Unido mesmo sob pressão dos EUA

Ilhas Maurício reabrem negociação para a retomada de território do Reino Unido; europeus querem manter base militar com os EUA na ex-colônia
Manifestantes agitam bandeiras nacionais nas Ilhas Maurício em meio a protestos contra o governo após acidente ambiental envolvendo vazamento de petróleo no mar, em Mahebourgm 12 de setembro de 2020

Foto: Fabien Dubessay/AFP

1 de janeiro de 2025

Localizadas no oceano Índico e lar de cerca de 1,3 milhão de pessoas, as Ilhas Maurício, conhecidas pelo desenvolvimento econômico, tentam um acordo com o Reino Unido para retomar o controle sobre as ilhas Chagos, consideradas estratégicas na região. O acordo sofre pressão dos Estados Unidos, que mantêm uma de suas bases militares nas ilhas.

Em outubro deste ano, após décadas de reivindicações, o Reino Unido concordou em devolver os territórios insulares às Ilhas Maurício — uma ex-colônia britânica que conquistou sua independência em 1968.

A condição dos europeus para a devolução, no entanto, é de que uma base militar britânica e norte-americana possa permanecer na maior das ilhas de Chagos, a de Diego Garcia.

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Um carregador de armas leva uma bomba para um bombardeiro modelo B1 na base militar norte-americana de Diego Garcia, nas Ilhas Maurício, em 22 de outubro de 2001
Um carregador de armas leva uma bomba para um bombardeiro modelo B1 na base militar norte-americana de Diego Garcia, nas Ilhas Maurício, em 22 de outubro de 2001 (Força Aérea dos EUA/Departamento de Defesa dos EUA/AFP)

Apesar do acordo fechado recentemente, um novo governo assumiu o poder em Maurício no mês passado e decidiu reabrir as negociações, supostamente em busca de uma compensação financeira maior.

Na segunda-feira (23), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou por telefone com o recém-nomeado primeiro-ministro, Navinchandra Ramgoolam, na tentativa de pressioná-lo a finalizar o tratado com o Reino Unido. Em nota, o departamento de Estado dos EUA afirma que Blinken enfatizou durante a conversa a ampliação da “cooperação de segurança” entre os dois países na região.

Durante encontro com membros da Assembleia Nacional, o premiê Ramgoolam afirmou que disse a Blinken que não concorda com “certas coisas” contidas no acordo firmado por seu antecessor. “Informei que fizemos uma contraproposta que será transmitida a ele”, disse.

No domingo (22), o vice-premiê do país, Paul Berenger, afirmou que a renegociação teria motivos financeiros: “Há certas coisas que não podemos aceitar se formos verdadeiros patriotas”. 

“Eles estão implicando com a compensação a ser paga às Ilhas Maurício quando, por 60 anos, eles usaram ilegalmente nossas Chagos e Diego Garcia”, acrescentou, apontando que a negociação continuará.

 Segundo informações da agência AFP, o atual governo dos EUA está interessado em finalizar um acordo antes que Donald Trump assuma a presidência, em janeiro.

O Reino Unido manteve controle das Ilhas Chagos depois da independência de Maurício, na década de 1960, e estabeleceu uma base militar que alugou para os EUA. Ao fazer isso, expulsou milhares de habitantes das ilhas Chagos que, desde então, apresentaram uma série de pedidos de indenização nos tribunais britânicos.

A base militar desempenhou um papel estratégico importante como centro de bombardeiros e navios de longo alcance, principalmente durante as guerras no Afeganistão e no Iraque.

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