Na terça-feira (12), a cidade de Salvador recebeu Diambi Kabatusuila, rainha dos Bakwa Luntu, na República Democrática do Congo (RDC). Em sua terceira visita ao Brasil, Kabatusuila realizou uma agenda de atividades relacionadas ao Novembro Negro com representantes do governo da Bahia, instituições de ensino e organizações negras do estado.
A RDC é uma república semipresidencialista e não tem uma monarquia no poder do Estado. Apesar disso, títulos de “autoridades tradicionais” como o de Kabatusuila, comuns em alguns países africanos, costumam coroar tradições e costumes que antecedem a colonização. No caso da RDC, esses títulos são previstos no artigo 207 da constituição e regulamentados por lei que delimita seus poderes e atuação.
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A representante do povo de Bakwa Luntu foi coroada em 2017 na região central de Kasaï e oficialmente empossada pela Associação de Autoridades de Costume e Tradições do Congo, conforme aponta em seu próprio site. A cultura congolesa tem mais de 200 grupos étnicos e diversas lideranças tradicionais.
Filha de diplomatas, historiadora e mestre em psicologia e saúde mental pela universidade norte-americana de Lynn, na Flórida, Kabatusuila recebeu também, em 2019, o título de Rainha Mãe do Povo Bantu pelo legislativo da Bahia.
Junto à comitiva real, com embaixadores e integrantes da realeza, a rainha participou do evento da Secretaria da Educação do Estado (SEC) da Bahia, no Colégio Estadual Edvaldo Brandão Correia. A ação debateu filosofia africana e ancestralidade com a comunidade escolar.
“Precisamos ensinar a verdade sobre a África, berço da humanidade e da civilização. O Brasil pode mostrar ao mundo que, com a integração da diversidade, é possível alcançar um sucesso muito maior. Na casa da educação, vejo em cada aluno um pouco da minha trajetória, e eles podem se ver em mim. Somos dois lados de uma mesma história”, declarou, em espanhol, durante a ocasião.
Pela manhã, a autoridade congolesa visitou a Pedra de Xangô, patrimônio cultural soteropolitano e local sagrado para as religiões de matriz africana no Brasil. Diambi Kabatusuila foi calorosamente recebida pela população, que aguardava sua no local.
No primeiro parque brasileiro que leva o nome de um orixá, a rainha celebrou a história de luta da comunidade negra, tanto no Brasil quanto no Congo. O discurso emocionado reforçou que o local é símbolo da resistência ancestral.