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Artista do Recife expõe obras sobre território e negritude

As obras de Jeff Alan apresentam vivências e narram o cotidiano e as culturas negras da periferia da capital pernambucana
Jeff Alan, artista de Recife sentado ao lado de seu quadro.

Foto: Shilton Araújo

14 de novembro de 2023

Na exposição “Comigo Ninguém Pode” o artista visual Jeff Alan exibe 57 obras, muitas delas inéditas, com feições, texturas e tons retintos de personagens reais das periferias de Recife. A mostra tem entrada gratuita e fica em cartaz até janeiro de 2024.

Daltônico, Jeff pinta desde a infância motivado pela mãe, Lucilene Mendes. É no bairro, onde vive e mantém seu ateliê, na Zona Oeste de Recife, e em outras comunidades periféricas que encontra seu material poético.

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Em dimensões diversas, telas e desenhos em papel, as obras evidenciam os traços estéticos de pessoas simples que compõem o tecido urbano de áreas vulnerabilizadas, além de retratar o cotidiano e o movimentar das ruas por onde passam personagens que protagonizam a obra.

Entre as obras selecionadas pela curadoria de Bruno Albertim, as pinturas de pessoas pretas preenchem as molduras dos quadros que proporcionam um protagonismo que historicamente lhes foi negado. Um traço político que fundamenta a trajetória artística de Jeff.

“Eu sou um artista de periferia. Nasci e me criei nas quebradas. É onde eu quero viver, respirar e vivenciar, é de onde vem minhas referências, onde meu coração pulsa mais forte. Eu preciso estar nos lugares onde vivem famílias pretas. Eu sou muito influenciado por esse contexto que eu nunca vi representado nos museus. Foram lugares negados para o nosso povo”, declara.

Recém chegado de uma residência artística em Portugal, Jeff já teve obras expostas em países como França e Inglaterra e optou por profissionais negros em todo o projeto, desde a monitoria da exposição à programação cultural.

A exposição conta, ainda, com legendas em braile e QRcode com a audiodescrição das peças, que destacam os traços e biotipos de crianças, jovens e adultos negros que entrecruzam o caminho do artista.

O projeto traz, ainda, uma série de atividades que abarcam outras linguagens e manifestações artísticas da cultura negra, como dança, literatura, teatro, capoeira e hip-hop, além de visitas guiadas com o artista e curador. Nomes como a poeta e cantora Bione, Grupo Legado Capoeira, do Barro, Balé da Cultura Negra do Recife e o núcleo de pesquisa teatral O Postinho fazem parte da programação paralela.

Serviço

Onde: Caixa Cultural Recife
Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, nº 505, Bairro do Recife.
Visitação: terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h

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  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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