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Candomblecista de Florianópolis recebe título sagrado da Nigéria por manter tradição afro

Adriana Leke, líder espiritual do Ilê Axé Omi Olodo Tolá, é coroada Ye Ye Orisa Tunwase Brazil, assumindo a missão de promover paz e equilíbrio no Brasil
Adriana leke, Ooni Adeyeye Enitan Babatunde Ogunwusi e Sandro Ifatorerá Oba Asha Obàtálá Brazil, na sala interna do palácio real da Nigéria.

Foto: Arquivo Pessoal

1 de setembro de 2024

Adriana Leke, mãe de santo do Ilê Axé Omi Olodo Tolá, localizado no bairro Rio Tavares, em Florianópolis (SC), foi homenageada com o título de Ye Ye Orisa Tunwase Brazil. Em tradução livre, o título refere-se à responsabilidade de cuidar da reputação e do equilíbrio do templo de Obatalá no Brasil. Esse reconhecimento foi concedido pelo sumo sacerdote Obalesun, do Templo de Obatala de Ile Ife, na Nigéria, um dos centros mais sagrados da religião iorubá e considerado o local da criação do mundo para esse povo.

A cerimônia de coroação ocorreu em junho deste ano em Ifé, uma cidade histórica no sudoeste da Nigéria. O título de Ye Ye Orisa Tunwase Brazil representa a conexão espiritual e ancestral entre o Brasil e a Nigéria, e é um marco para o candomblé brasileiro, que preserva e cultua as tradições afro-brasileiras com raízes no continente africano.

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A partir de sua coroação, Iya Leke, como é chamada dentro da tradição candomblecista, assume a responsabilidade de promover a paz e o equilíbrio entre os seres no Brasil, fortalecendo os laços espirituais com a matriz africana.

O bàbálawo Sandro Ifatorerá Oba Asha Obàtálá Brazil, padrinho de Iya Leke, destacou a relevância do título recebido pela mãe de santo. “Seu título observa a importância da expansão do culto tradicional de Obátàlá (Divindade que nos criou) no Brasil com a perspectiva de aproximar nossa origem”, afirmou.

O reconhecimento não só reforça a preservação das tradições religiosas afro-brasileiras como também celebra a dedicação de Adriana Leke na busca por conhecimento ancestral.

Além de sua atuação religiosa, Adriana Leke tem uma sólida formação acadêmica. Ela é graduada em arquivologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e em ciência da religião pelo Centro Universitário Municipal de São José (USJ). Sua trajetória intelectual e espiritual a levou à Nigéria, onde deu continuidade a uma pesquisa sobre as conexões culturais entre as escolas de samba de Florianópolis e as tradições africanas.

A experiência em solo africano foi profundamente significativa para a mãe de santo. “Estar no berço da nossa origem e ter a certeza de que somos descendentes de realezas e divindades nos sacia o coração e fortalece nosso viver. Nós temos origem e está muito bem preservada e transmitida pelas mais diversas gerações. A criança sabe sua origem e o ancião a ensina”, destacou.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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