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Jovens criam campanha para garantir inscrição de negros e indígenas no vestibular da USP

15 de outubro de 2020

O projeto faz a ponte entre estudantes e pessoas que querem ajudá-los a ingressarem na maior universidade do país; a meta é receber inscrição de 300 alunos até o dia 23 de outubro

Texto: Beatriz Mazzei | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução/Jornal da USP

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Para contribuir com o aumento na diversidade social e racial na Universidade de São Paulo (USP), o Movimento AMPLIA, organizado por jovens voluntários egressos da instituição, lançou a #AmpliaUSP, uma campanha para conectar estudantes a pessoas que querem “apadrinhar” suas inscrições no vestibular Fuvest.

Segundo dados da instituição de ensino, apenas 2.897 (26%) dos ingressantes nos cursos de graduação se autodeclararam pretos, pardos e indígenas em 2020. Embora a universidade venha apresentando melhora nesse índice nos últimos anos, principalmente após a adoção da política de cotas, ainda se observa um grande desequilíbrio quando comparado aos 37,5% da população do estado de São Paulo que se identifica como desses grupos étnico-raciais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Parte dessa questão é consequência do custo da inscrição no vestibular, o mais caro do país, que se torna uma barreira para acessar a USP. A campanha foca em viabilizar a participação de estudantes que não poderiam pagar a taxa de R$ 182, principalmente daqueles que se declaram pretos, pardos e indígenas. A meta é alcançar pelo menos 300 estudantes no estado paulista até o dia 23 de outubro.

Para participar, os estudantes devem se cadastrar e enviar ao AMPLIA seu boleto, que será redirecionado para o pagamento por “madrinhas” e “padrinhos”, que se cadastram no mesmo formulário. Empresas também podem participar: a Club Social (Mondelez) é a primeira a apoiar, contribuindo com a doação de inscrições e divulgando a campanha nas redes sociais.

A campanha se espelha na primeira inciativa do movimento que, em coro às manifestações antirracistas, propôs a atuação direta de garantir maior acesso de jovens negros e indígenas ao ensino superior por meio do Enem. A ação uniu doadores que pagaram diretamente o boleto do exame a centenas de estudantes que não conseguiriam fazê-lo sem essa ponte.

Ao todo, os “padrinhos” e “madrinhas”, como são chamados os apoiadores, pagaram efetivamente R$ 10 mil em boletos, auxiliando todos os alunos que enviaram boletos ao movimento. Entre os estudantes, 93% são negros e 77% são mulheres. A raça foi autodeclarada pelos próprios candidatos via relatório. 

Para participar, os estudantes e voluntários podem se inscrever no formulário online.

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