Os três meninos de Belford Roxo, mortos por um suposto furto de passarinho, passaram por uma sessão de tortoura onde um deles chegou a falecer. Os outros dois, foram executados em decorrência disso. Foi o que constatou a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Nesta quinta-feira (9), a polícia civil fez uma operação na comunidade do Castelar, a fim de encerrar o inquérito da morte de Lucas Matheus (8), Fernando Henrique (12) e Alexandre da Silva (10). O crime aconteceu em dezembro do ano passado.
A ação visava cumprir 56 mandados de prisão. Até essa manhã, eram pelo menos 33 presos: 15 pessoas já estavam cumprindo pena, outras 16 foram detidas nesta quinta, com duas prisões em flagrante. A informação é do Portal G1.
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Em entrevista ao G1, o titular da delegacia, Uriel Alcantara, disse que os garotos foram torturados e espancados e que em algum momento, um deles veio a óbito. “Eles [os traficantes] acharam que a solução daquele caso seria matar os outros dois e chamar alguém para levar os corpos para fora da comunidade”, afirmou o delegado.
A polícia indiciou cinco pessoas por participação na morte das crianças. “Análises de telefone e quebras de dados de telefone indicaram que houve violência. Um irmão acusa o outro de transportar os corpos das crianças. Há um vínculo entre o condutor do veículo e a pessoa que teria chamado ele, que é a Tia Paula. Esse irmão a conhecia. E nós temos cinco investigados pelo homicídio e um sexto investigado pela ocultação de cadáver”, explicou Uriel.
O pássaro supostamente furtado pelos meninos seria do chefe do tráfico de Castelar. Roberto Cardoso, diretor do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa comentou que este é um caso difícil de investigar. De acordo com a Polícia Civil, essa seria a mesma facção que incitava outros crimes como tortura e morte de jornalistas, assassinato de jovens por não quererem namorar traficantes, assaltos e roubos.
Segundo o G1, dois depoimentos foram fundamentais para elucidar o caso. Uma testemunha informou que estava em um bar da comunidade quando uma das gerentes do tráfico, a Tia Paula, pediu para que dirigisse o carro com os corpos dos meninos. O informante levou os cadáveres até um rio próximo à favela, onde foram jogados.
Em julho, outro homem procurou a polícia e disse que o irmão tinha sido o motorista obrigado a levar os corpos das crianças para o rio de Belford Roxo. Buscas foram feitas no local indicado, mas as ossadas encontradas não eram humanas. Até hoje, nada foi encontrado. Segundo as investigações, Tia Paula e outros membros do tráfico no Castelar acabaram mortos e incinerados a mando da cúpula do Comando Vermelho.
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