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Neymar Jr: de polêmicas à briga para ser a estrela da seleção em 2022

16 de outubro de 2020

Conhecido por se envolver em polêmicas como uma acusação de violência sexual em 2019, o atacante foi vítima de racismo durante uma partida em setembro deste ano e é o principal nome da seleção brasileira atualmente

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: CBF

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Neymar Jr é um dos principais jogadores de futebol do planeta e uma das pessoas mais influentes nas redes sociais. Só no Twitter são 50 milhões de seguidores. Após ser alvo de racismo durante um jogo do campeonato francês, em setembro, o atacante revidou e foi expulso pelo árbitro. A ofensa racista só chegou ao conhecimento do público devido a um desabafo dele na rede social.

“Um posicionamento do Neymar sobre o racismo tem impacto tanto na sociedade quanto também entre as crianças. Ele passa um recado sobre a importância de se posicionar e também que o combate ao racismo é algo prioritário”, avalia Marcelo Carvalho, coordenador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

Em agosto, Neymar completou dez anos vestindo a camisa da seleção brasileira. Com os três gols contra a seleção do Peru, em Lima, nas eliminatórias da Copa, o atacante, de 28 anos, somou 103 jogos e 64 gols pelo time do Brasil, uma média de 0,62 gol por jogo. No entanto, depois da eliminação da seleção por 7 a 1, em 2014, para a Alemanha no Mundial disputado no Brasil, a média de gols de Neymar com a camisa da seleção caiu.

Entre 2010, quando foi convocado pela primeira para a seleção principal e tinha 18 anos, até o final de 2014, o atacante fez 60 jogos e marcou 42 gols, uma média de 0,7 gol por partida. De 2015 até agora, nas gestões de Dunga e Tite, Neymar fez 43 jogos e marcou 22 vezes. A média dele caiu então de 0,7 para 0,46 gol por jogo.

“O futebol é uma face da atividade humana. De 10 a 14, o Brasil estava no pique e na empolgação de fazer a Copa aqui. É compreensível que a média dele tenha caído. Mas o Neymar é um jogador extraordinário e um expoente no cenário internacional”, explica o ex-jogador e comentarista Afonsinho, que jogou no Santos, Botafogo, Flamengo, Vasco e foi o primeiro atleta a conseguir, na Justiça em 1971, o passe livre, permitindo escolher em que time iria jogar.

Segundo o ex-jogador, a habilidade de Neymar ainda é um diferencial importante para a seleção. “O futebol está muito transformado. Parece um jogo eletrônico. O cara recebe e joga a bola automaticamente. Não se pode nem falar em ponta. Teoricamente, se tiver um jogador com capacidade de driblar e sair do aperto é uma vantagem. O Neymar é responsável por desarrumar um pouco esse jogo que parece um Totó eletrônico”, pontua Afonsinho.

Polêmicas fora dos campos

Em 2019, Neymar teve sua imagem de “ídolo” abalada após ser acusado de agredir e violentar sexualmente uma mulher brasileira que ele havia conhecido de forma online. A modelo Najila Trindade denunciou o atacante em 31 de maio do ano passado na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo. Os crimes teriam acontecido no mesmo mês durante a estadia dela em Paris, a convite de Neymar. Em um dos depoimentos, a modelo relatou que o jogador estava embriagado e a agrediu. O caso foi arquivado pela justiça paulista em 8 de agosto sob a alegação de falta de provas.

“O caso foi arquivado por falta de provas, pois o depoimento da vítima acabou ficando isolado, uma vez que havia filmagens que não corroboram com a versão dela”, lembra o influencer esportivo e advogado Carter Batista

O escritor e jornalista Gilvan Ribeiro considera que apesar de ser um craque de talento incontestável, Neymar é uma personalidade com um comportamento que pode atrapalhar seu desempenho na próxima Copa, em 2022.

“A despeito de todos os méritos, esse protagonismo poderia ser bem maior, em face de seu talento. O Neymar se aproxima dos 30 anos como um menino mimado – vale lembrar que falta menos de um ano e quatro meses para essa marca simbólica – ainda tutelado pela figura do pai, obcecado por dinheiro”, pondera.

De olho em 2022

A estratégia da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de olho no mundial do Catar, em 2022, é potencializar a imagem de Neymar. As notícias no site da confederação dão destaque aos números do jogador, que aos 28 anos se aproxima das marcas de grandes ídolos da seleção. Pelé, segundo a CBF, fez 95 gols em 115 jogos oficiais pela seleção (média 0,83 gol por jogo), Romário fez 56 gols em 74 jogos (média de 0,76 gol por jogo), Zico fez 66 gols em 89 jogos (média de 0,74 gol por jogo), e o Ronaldo Fenômeno fez 67 gols em 103 jogos (média de 0,63 gol por jogo).

Carter Batista, criador do perfil “Esse Dia Foi Louco”, no Instagram, avalia que o jogador é protagonista na seleção. “Neymar puxa o elenco e serve de exemplo. Na minha opinião, essa é a melhor temporada da carreira, mais seguro e regular. Ele encontrou uma forma de jogar que abre espaço para outros jogadores. Espero que ele chegue em 2022 para jogar em alto nível”, comenta.

“Em uma Copa do Mundo, evento que só acontece a cada quatro anos, espera-se dedicação máxima de um jogador, com mentalização exclusiva para alcançar o objetivo. Mas Neymar sempre parece disperso, preocupado com o cabelo, com as selfies, com gestos para deixar os patrocinadores em evidência – e são muitos, das chuteiras às cuecas”, complementa Ribeiro.

Em 2022, Neymar terá 30 anos. A mesma idade que Pelé disputou a Copa do Mundo do México, em 1970, ano em que o Brasil foi tricampeão. Hoje a preparação física é outra, mas os níveis de eficiência são muito mais cobrados. Os dirigentes e treinadores elegem os jogadores por critérios táticos e não por estatísticas. Não importa só o número de gols, mas, por exemplo, quantos gols o jogador fez quando o placar estava zero a 1, em um jogo difícil, quantos gols fez quando estava zero a zero”, diz o publicitário Washington Olivetto.

Neymar também se destacou na campanha da seleção olímpica, em 2016, atuando em uma das três vagas destinadas para atletas com mais de 18 anos por equipe. O time ganhou a inédita medalha de ouro, vencendo a equipe olímpica da Alemanha. Foi dele o gol de empate na final que levou à vitória na disputa nos pênaltis.

Dos 64 gols do Neymar com a camisa da seleção principal, nove foram em jogos das eliminatórias para Copa do Mundo, seis foram em Copas, quatro na Copa das Confederações e três na Copa América. Nos jogos amistosos, o camisa 10 marcou 42 vezes.

“Particularmente, eu acho que a seleção brasileira não deveria ser taticamente baseada em um jogador e sim em um conjunto, mas a qualidade de Neymar como jogador é indiscutível, mesmo com suas contradições. Considerando a média da carreira na seleção, ele tem feito mais de um gol a cada dois jogos, isso confirma a importância dele”, conclui Márcia Piemonte, coordenadora da Arena Tobias, tradicional campo de várzea da zona norte de São Paulo, centro de cultura e escolinha de futebol onde surgiram grandes craques.

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