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Rodrigo França lança livro com paralelo sobre confinamento no BBB e durante a pandemia

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8 de outubro de 2020

Em “Confinamentos & Afins”, ator e diretor fala sobre racismo estrutural, representatividade e empatia

Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Robson Maia/Divulgação

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Quando Rodrigo França resolveu participar do Big Brother Brasil em 2019 ele já acumulava os títulos de articulador cultural, ator, diretor, dramaturgo, artista plástico, filósofo, cientista social e ativista pelos direitos da população negra. Rodrigo é um inquieto fazedor de arte e pensador sobre a negritude. A experiência rende agora o livro “Confinamentos & afins: o olhar de um homem negro sobre resistência e representatividade”, escrito em colaboração com o jornalista Adalberto Neto e lançado pela Editora Agir.

Na obra, os dois debatem algumas das experiências que França viveu no programa para, a partir daí, refletir sobre silenciamento social, assédio, violência simbólica, intolerância religiosa e muitos outros temas. Há ainda um paralelo entre o confinamento do reality show e o atual vivido por conta da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus.

Ao longo da obra, Rodrigo convida os leitores a pensar o conceito de confinamento de forma ampla, para além da ideia de se estar preso em um cômodo ou uma casa, e para o povo negro especialmente, lembra o autor, existem muitas formas de confinamento. “Estamos sempre em busca de uma suposta liberdade, mas ainda há corpos que estão sendo vigiados a todo momento”, explica. “Há corpos perseguidos em lojas, examinados pelas câmeras de segurança, vistos como potenciais criminosos”, acrescenta. Tudo isso é discutido no livro de forma clara e, acima de tudo, com um discurso que convoca à empatia.

Ele descreve a experiência do BBB como violenta e lembra que ficou pelo menos 70 dias confinado em 2019 e um ano depois foi obrigado a viver novo isolamento por conta do coronavírus. “Adalberto e eu fizemos associação com a situação de pessoas pretas do Brasil. Debatemos sobre o cárcere, perseguição por seguranças no mercado, racismo cotidiano onde a vítima não se vê como vítima, pessoas brancas que fazem racismo da reprodução diária e dizem que são antirracistas. Enfim, uma série de situações”, conta.

Para França, o confinamento no BBB foi dolorido por estar longe de pessoas que ama e sem saber informações e fazer provas que beiravam a falta de dignidade. Já o isolamento por conta do coronavírus tem relação de vida e morte, saúde e doença. “Estamos vivendo período de incerteza. Lá (o BBB) é uma prisão de luxo, mas a sensação é a mesma de falta de liberdade”, descreve.

O autor diz que a nova obra faz reflexão do cotidiano e que traz soluções para um tema tão complexo quanto o racismo estrutural. “Sinalizamos questões que ocorrem no cotidiano. É um grande diálogo. É um livro de angústia e sinaliza a sensação física e psíquica que pessoas negras vivem no dia a dia por conta do racismo”, ressalta. Rodrigo também é autor do livro “Pequeno Príncipe Preto”, lançado no início do ano, e até o fim de 2020 deve lançar mais duas obras, uma delas se trata de uma antologia de intelectuais negros, escrita com Jonathan Raimundo.

O livro “Confinamentos & afins” traz ainda uma lista de palavras, expressões e comentários que devem ser evitados, a todo custo, por sua conotação depreciativa para o povo negro. Além disso, sugere aos leitores uma série de livros e filmes que mostram como o racismo vem moldando a sociedade e as relações humanas ao longo dos séculos. A obra oferece assim ferramentas imprescindíveis para quem quer se informar sobre diversos tipos de racismo — estrutural, institucional, linguístico, religioso – e ajudar a combatê-los.

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