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Pioneira, ativista, política e artista: 80 anos de Leci Brandão

A segunda mulher negra eleita como deputada na história da Alesp está hoje em seu quarto mandato
A imagem mostra Leci Brandão na feira de negócios Expo Favela 2023, em São Paulo.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

12 de setembro de 2024

Uma das vozes mais conhecidas da música popular brasileira e a primeira mulher a integrar a ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, Leci Brandão, completa 80 anos nesta quinta-feira (12).

Nascida em 1940 no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro, Leci foi a segunda mulher negra a integrar a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e hoje trabalha em seu quarto mandato consecutivo como deputada estadual pelo PCdoB, no qual atua há dez anos.

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Sua caminhada política é marcada pela defesa das demandas da comunidade negra, além da defesa das tradições de matriz africana e a cultura popular brasileira. Antes de ser eleita, foi nomeada Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas da Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, no qual permaneceu por quatro anos.

O “Mandado do Quilombo da Diversidade”, como batizou a cantora, aprovou projetos de leis sobre violência obstétrica, instituiu o Dia do Orgulho Crespo e incluiu no currículo escolar aulas sobre a Lei Maria da Penha. Cerca de 37 leis apresentadas pela deputada já foram aprovadas na Alesp.

Antes da política, o pioneirismo já era presente na carreira de Leci. Ela foi a primeira cantora do Brasil a se assumir publicamente como uma mulher lésbica, em entrevista publicada no jornal Lampião da Esquina em 1978. Suas letras já abordavam o afeto e a aceitação LGBTQIAPN+ em 1976 e 1977, como nas canções “Ombro Amigo” e “As pessoas e Eles”.

Sua arte também foi uma forma de canalizar toda sua potência como intérprete do povo brasileiro, suas riquezas culturais e também de suas mazelas. O início de sua carreira na música foi na década de 1970, poucos anos antes de integrar o grupo de compositores da Mangueira. Antes do feito, a única mulher a ocupar um posto semelhante era Dona Ivone Lara, na ala da Império Serrano.

Pelo caráter crítico e político de suas letras, Leci enfrentou boicote e precisou romper com uma gravadora multinacional, que não aceitou o teor contestador das letras. Ao longo das décadas, a sambista lançou cerca de 26 álbuns e foi responsável por sucessos nacionais como “Canta, Canta, Minha Gente”, “Zé do Caroço”, “Isso é Fundo de Quintal”.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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