PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Escritora baiana ganha prêmio internacional de literatura

Jéssika de Oliveira foi premiada pelo livro "Elas e as Letras: Insubmissão Ancestral", no qual ela participa homenageando as escritoras negras Conceição Evaristo, Carolina de Jesus e Geni Guimarães

Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Lenne Ferreira | Foto: Divulgação

Jéssika de Oliveira recebe prêmio internacional de literatura

23 de agosto de 2021

“Uma das maiores ferramentas no combate ao racismo”. É como a escritora Jéssika de Oliveira define o poder da escrita e da literatura. A baiana estudante de Letras na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) foi premiada pela Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB), de Nova York, com o livro “Elas e as Letras: Insubmissão Ancestral”, obra em que ela participa e que traz homenagens a importantes mulheres brasileiras referências na escrita e no ativismo negro, como Conceição Evaristo, Carolina de Jesus e Geni Guimarães.

A Academia Internacional de Literatura Brasileira e a Focus Brasil são entidades sem fins lucrativos que reúnem, gratuitamente, escritores e acadêmicos com livros publicados. Para o prêmio, são escolhidas as cinco melhores obras em oito categorias: Ensino & Pesquisa, Antologia, Crônicas & Contos, Auto ajuda, Biografias, Infanto juvenil, Poesia e Romance.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Premiado na categoria Antologia, o livro reúne mais de 60 escritoras do Brasil e de Portugal com poemas e contos sobre histórias de lutas, vitórias, amor e resistências plurais. O projeto da obra é organizado pelas escritoras Aldirene Máximo e Julie Veiga.

“Pra mim esse reconhecimento internacional é muito valioso, tanto para mim quanto escritora, quanto mulher e como negra. Eu acho que uma das coisas que mais me deixa feliz nesse reconhecimento é a questão da representatividade, é de saber que assim como eu pude ver outras mulheres negra lá, outras mulheres negras também vão me ver e vão poder se vão poder continuar e saber que elas também podem chegar”, pontua a escritora, que ressalta que é necessário não romantizar o processo.

Para a escritora, uma das suas maiores motivações para participar do projeto foi a oportunidade de utilizar a sua palavra como ferramenta de enfrentamento aos sistemas de opressão contra a população negra, com o racismo estrutural.

“Costumo dizer que a minha escrita desassossega e isso me faz muito bem porque eu gosto de escrever para estar nesse confronto com o racismo estrutural. Eu acho que a palavra é uma das ferramentas que eu posso utilizar para poder estar desconstruindo tantos estereótipos quanto o próprio racismo que existe dentro da literatura”.

JESSICA inside“A palavra tem esse poder de levar o novo, de desconstruir e construir algo novo”, destaca a escritora. | Foto: Reprodução/Instagram

Destaque em outros concursos de literatura, as obras de Jéssika de Oliveira se fortalecem na importância de ressaltar as “escrevivências”, termo de Conceição Evaristo para definir as vivências de mulheres negras dentro das suas pluralidades.

“A palavra tem esse poder de levar o novo, de desconstruir e construir algo novo. Nesse “algo novo” o que eu construo através da minha literatura cabem todas as pluralidades”, diz a escritora, que também tem textos publicados na “Antologia: Conte-me um conto” e na coletânea “Mães que escrevem”.

Sendo uma mulher negra em um espaço literário, Jéssika enxerga que o seu reconhecimento é uma forma de romper estruturas enraizadas na sociedade. Tendo como base a filosofia Ubuntu: “Eu sou porque nós somos”, a escritora finaliza dando um recado para as meninas e mulheres negras que desejam traçar ou já traçam as suas vivências dentro da literatura.

“Traçar qualquer caminho sendo mulher e negra não é fácil. Assim como desistir também não é uma coisa fácil, desistir também requer muita coragem. Então se eu pudesse dar um recado hoje pra cada menina/mulher negra que me vê ou que vê outras escritoras, eu quero dizer a elas que acreditem no poder da palavra, porque a palavra transforma, constrói, transforma, desconstrói, constrói e muda. Falo sem romantizar os processos, mas se for possível continue. A gente vai conseguir juntos chegar lá”.

O livro “Elas e as Letras: Insubmissão Ancestral” está disponível para venda através do perfil de cada escritora participante da obra. Com Jéssika, o livro pode ser adquirido através de pedidos pelo e-mail: [email protected] ou pelo perfil no Instagram (@jessikaescritora).

Leia também: Representatividade na literatura importa

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano