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Ataques do governo Bolsonaro a mulheres jornalistas são denunciados à ONU

7 de julho de 2020

O presidente e seus ministros atacaram mulheres profissionais da imprensa pelo menos 54 vezes desde o início do mandato; dezenas de organizações da sociedade civil apoiam denúncia

Texto: Redação | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução/Estadão Conteúdo

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Os ataques do governo Bolsonaro a mulheres jornalistas foram denunciados nesta terça-feira (7) por organizações da sociedade civil durante a 44º sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

A violência contra mulheres jornalistas está no foco do documento apresentado pela relatora especial das Nações Unidas sobre a Violência contra a Mulher, suas Causas e Consequência, Dubravka Šimonovic, que aborda ferramentas frequentemente usadas para desonrar, desacreditar e humilhar as jornalistas.

Um dos casos apresentados pelas organizações brasileiras é o de Bianca Santana, jornalista que, em maio, foi acusada pelo presidente da República de escrever notícias falsas na mesma semana em que escreveu um artigo sobre a relação entre familiares e amigos de Bolsonaro com os acusados ​​de assassinar a vereadora Marielle Franco, em março de 2018.

Em depoimento, a jornalista apresentou a denúncia apoiada por um grupo de organizações e coletivos de comunicação e dos movimentos negro e feminista. Desde o início do atual governo federal, as jornalistas foram atacadas pelo presidente ou seus ministros por, pelo menos, 54 vezes, conforme a estimativa da organização Artigo 19. “O Estado brasileiro tem a obrigação de garantir um ambiente seguro para as mulheres jornalistas”, reforça Bianca Santana.

As organizações apontam também a gravidade de um cenário em que agressões são reafirmadas, legitimadas e praticadas por autoridades públicas, inclusive pela cúpula do governo federal, violando obrigações assumidas internacionalmente pelo Estado brasileiro.

Os casos que articulam declarações públicas, ataques virtuais e consequências concretas na vida e na saúde de mulheres comunicadoras criam um ambiente ainda mais hostil para o exercício da atividade profissional das jornalistas, para a liberdade de imprensa e para a participação de mulheres no espaço público.

O depoimento de Bianca Santana à ONU é apoiado pelas seguintes organizações: Agência de Notícias Alma Preta, Artigo 19, Casa Neon Cunha, Coalizão Negra por Direitos, Cojira-SP – Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo, Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas, Instituto Marielle Franco, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Gênero e Número, IDDH – Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos, Instituto Vladimir Herzog, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, Rede Nacional de Proteção a Comunicadores, Repórteres Sem Fronteiras, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, SOF – Sempreviva Organização Feminista, Terra de Direitos e Uneafro Brasil.

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