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Bolsonaristas são os maiores agressores contra candidatos e eleitores da oposição

Das 8 pessoas assassinadas no período, 6 morreram por serem eleitores do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Imagem: Reprodução/Agência Brasil

Imagem mostra urna eletrônica, onde são registrados os votos dos eleitores, com bandeira do Brasil ao fundo.

— Imagem: Reprodução/Agência Brasil

17 de novembro de 2022

De acordo com a 2ª edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, referente ao segundo turno das eleições (período de 3 a 31 de outubro), 80 casos de violência política foram registrados no período, sendo 19 ocorrências contra agentes políticos (candidatos e mandatários de cargos eletivos) e outros 61 contra eleitores, lideranças religiosas e jornalistas. 

Segundo o mapeamento, neste segundo turno ocorreram 8 assassinatos, 8 atentados, 10 ameaças, 29 agressões e 6 ofensas. Do total, 43 foram contra militantes partidários ou eleitores de um dos dois candidatos à presidência, 8 contra lideranças religiosas – como padres e bispos–, cinco contra jornalistas e cinegrafistas que estavam no exercício da profissão, e um ataque à sede do partido. 

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Das 8 pessoas assassinadas, 6 morreram por serem eleitores do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As outras duas eram eleitores de Bolsonaro (PL). Casos de violência política contra candidatos nesta eleição foi 400% superior à quantidade de casos registrados em 2018. 

“Apenas após o resultado das eleições, registramos quatro assassinatos. Esses casos são resultados do discurso de ódio contra a oposição, disseminado pelo chefe do poder executivo, bem como a tentativa de desacreditar o processo eleitoral brasileiro”, destaca Glaucia Marinho, coordenadora da Justiça Global.

Maioria dos crimes foram cometidos por bolsonaristas

O primeiro assassinato causado por discussão política na eleição presidencial foi o do tesoureiro do PT e guarda civil Marcelo Arruda, baleado pelo agente penitenciário bolsonarista Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu (PR), no dia 9 de julho.  De acordo com informações, Guaranho ficou sabendo da festa de aniversário de temática lulista de Arruda e resolveu ir até a comemoração provocar o oponente. O agressor terminou preso após a morte de Marcelo Arruda. 

Depois desse fato, Benedito dos Santos, eleitor de Lula, foi morto com mais de 70 golpes de faca e machado pelo colega de trabalho Rafael de Oliveira, apoiador de Bolsonaro, após uma discussão política entre ambos na zona rural de Confresa (MT) em 7 de setembro. 

Além disso, quatro casos atingiram outras pessoas que não se apresentavam como eleitoras. Um deles foi o ataque registrado à uma comemoração pela vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Belo Horizonte, na noite do dia 30 de outubro. Atingida por um tiro, a adolescente negra Luana Rafaela de Oliveira, de 12 anos, morreu no último 3 de novembro. Eleitor de Lula, o jovem Pedro Henrique Dias, de 28 anos, também foi assassinado no mesmo ataque, e morreu na hora.

Para Glaucia Marinho, um dos destaques que marca as mortes devido à violência política é a facilidade em que as pessoas estão tendo em possuir armas de fogo. Segundo ela, casos envolvendo armas de fogo contabilizaram 14 ocorrências neste período de menos de um mês. 

“Isso é fruto da flexibilidade da legislação e da falta de controle do porte de armas. Mais do que nunca, é necessário fortalecer as instituições democráticas e que os casos de violência política sejam investigados de forma diligente”.

Outros dados

Elaborada pela organização de Justiça Global – em conjunto com a Terra de Direitos (TDD) – a análise aponta que neste segundo turno, 17 estados registraram episódios de violência política, sendo o Paraná (13) o estado que mais registrou casos de violência política e eleitoral disseminada contra eleitores no segundo turno. 

Nos demais estados, a contagem de ocorrências ficou assim: Bahia (5), Ceará (1), Distrito Federal (2), Goiás (4), Minas Gerais (5), Mato Grosso (1), Pará (3), Paraíba (2), Pernambuco (3), Piauí (1), Paraná (13), Rio de Janeiro (8), Rio Grande do Norte (2), Roraima (1), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (1), São Paulo (7). 

Considerando todo o período eleitoral  (de 1 de agosto até 31 de outubro), a pesquisa identificou 129 casos de violência política disseminada – que é aquela contra pessoas que não ocupam ou disputam cargos eletivos –,  e 140 casos de violência política contra candidatos, dirigentes partidários e pessoas eleitas. 

Violência não é só contra quem disputa os cargos políticos

A coordenadora de incidência política da Terra de Direitos, Gisele Barbieri, aponta que há uma tendência na diminuição do número de casos de violência política e eleitoral contra candidatos no segundo turno, uma vez que o número de vagas disputadas é menor nesse período. No entanto, ela chama a atenção como nesse período a violência política se acentua contra eleitores. 

“Essa violência começa a atingir as pessoas em diferentes âmbitos: pode acontecer no ambiente de trabalho, nos locais de lazer, nas igrejas, e dentro da própria casa”, avalia.

Dos casos que não envolvem candidatos, 8 foram registrados dentro ou contra a residência das pessoas – inclusive quatro assassinatos aconteceram nesse ambiente privado. Outros 8 casos aconteceram durante ações de campanha (como bandeiraços), 7 aconteceram em bares e restaurantes, 7 aconteceram contra carros e 6 aconteceram no espaço de igrejas. 

Também foram registrados episódios de violência política em locais como comércios e academia.

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