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Deputado usa termo racista em discurso no interior de SP: ‘amanhã é dia de branco’

A expressão foi proferida pelo deputado estadual Antônio da Rocha Marmo Cezar (PDT) durante evento para oficializar a pré-candidatura do ex-prefeito de Santana de Parnaíba e seu flho Elvis Cezar ao cargo de governador de São Paulo

O deputado paulista Cezar em discurso. Ao fundo, o brasão da Assembleia Legislativa de São Paulo

Foto: Foto: Divulgação/Alesp

8 de abril de 2022

O deputado estadual Antônio da Rocha Marmo Cezar (PDT), mais conhecido como Cezar, usou um termo racista durante discurso em um comício de oficialização do ex-prefeito de Santana de Parnaíba e seu filho, Elvis Cezar, como pré-candidato ao governo de São Paulo. Ao concluir sua fala, o parlamentar utilizou a expressão “amanhã é dia de branco” para se referir ao dia seguinte como um dia de trabalho.

Em um vídeo que a Alma Preta Jornalismo obteve acesso, Marmo Cezar diz que outras figuras públicas presentes no evento não poderiam falar por falta de tempo. Entre as figuras presentes no evento, que aconteceu na segunda-feira (4), estava Ciro Gomes, pré-candidato a Presidência da República também pelo PDT.

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“Então, as pessoas que ainda faltam falar, nos perdoem, porque amanhã é dia de branco, não é mesmo?”, justificou o deputado estadual.

Por que a expressão é racista

A expressão “dia de branco” é comumente relacionada à segunda-feira, o início da semana e, por consequência, dia de trabalho. Associada à raça, coloca em questão a produtividade e disposição de corpos negros ao referenciar o exercício do trabalho às pessoas brancas.

Há quem diga que a origem do termo racista é controversa, podendo estar relacionada aos profissionais da Marinha, que, antigamente, proferiram a expressão como metáfora ao uniforme branco que utilizavam para trabalhar. No entanto, assim como as demais expressões racistas ainda utilizadas no dia a dia, o termo ganhou força em um caráter discriminatório racialmente. 

Marmo Cezar está em seu primeiro mandato como deputado estadual e diz lutar “em favor das comunidades menos favorecidas”, conforme apresenta sua biografia no site oficial da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

Em nota enviada à Alma Preta Jornalismo, o parlamentar afirmou desconhecer a conotação racista do termo e disse abominar o racismo:

 “Essa expressão significa que é dia de trabalhar. Pelo que sei, teria duas origens. Uma por causa da cédula com a imagem do Barão do Rio Branco, ou seja, quer dizer que é dia de ganhar dinheiro. Outra versão diz que é por causa da Marinha, por causa do uniforme branco, ou seja, é dia de colocar o uniforme branco para ir trabalhar. Nunca ouvi dizer que tinha essa conotação racista, os significados vão mudando com o tempo. Agora que aprendi isso, não vou mais usar essa expressão e peço desculpas. Abomino o racismo e luto contra ele e todas as desigualdades.”

Outras falas racistas de políticos brancos

Em julho do no passado, o vereador de São Paulo, Arnaldo Faria de Sá (Progressistas), foi denunciado na Corregedoria da Câmara por usar um termo racista durante pronunciamento virtual. Em fala pública, Faria de Sá disse que o ex-prefeito da capital, Celso Pitta, era um “negro de verdade, um negro de alma branca, como as pessoas costumam dizer”.

A frase foi dita durante uma fala sobre a relação do vereador com o ex-prefeito, que na época enfrentava um processo de impeachment acusado de corrupção. Antes de ser prefeito, Pitta foi secretário de finanças de Paulo Maluf.

Já em novembro de 2021, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito para apurar uma suposta prática de racismo do deputado federal José Medeiros (Pode-MT).

Segundo a Procuradoria Geral da República, Medeiros teria se manifestado de forma discriminatória racialmente ao chamar de “mulamba” uma internauta que defendeu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a postura de parlamentares durante pandemia.

O termo tem origem na forma como os senhores de engenho chamavam negros escravizados, associando-os à pedaços de pano ou farrapos.

Leia também: Por que você deve parar de afirmar que o racismo reverso existe?

ERRAMOS:

Uma versão anterior deste texto afirmava que o deputado estadual que proferiu a fala “amanhã é dia de branco” se chamava Elvis Cezar e era pré-candidato ao governo de São Paulo.

O deputado estadual na realidade se chamaAntônio da Rocha Marmo Cezar e não é pre-candidato ao cargo de governador. Elvis Cezar é o nome de seu filho, ex-prefeito de Santana de Parnaíba. Ele sim é pré-candidato ao governo de São Paulo.

Pelo erro, pedimos desculpas aos nossos leitores.

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