A vereadora Erika Hilton (PSOL-SP), juntamente com diversos militantes do movimento negro, entrou com uma Ação Popular na Justiça solicitando a anulação da mudança de logotipo da Fundação Cultural Palmares (FCP).
Sérgio Camargo, presidente da FCP, já havia se manifestado contra o logo, que remete à ferramenta (machado) do orixá Xangô, cultuado como a representação da justiça e da força para as religiões de matriz africana. Nesta segunda-feira (13), a Fundação Cultural Palmares divulgou a nova imagem da instituição, que, segundo o órgão, traz “a transformação, a modernidade e a nacionalidade”.
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“Para representar a Palmares, nada melhor que o verde e amarelo que estampam nossa bandeira. Foi com esse pensamento, uma inspiração determinante na busca pela harmonia entre o preto, o branco, o miscigenado, que criamos nosso novo logo e, portanto, nossa identidade visual. Uma identidade que traduz o multicolorido de nosso povo, condensada e sintetizada às cores do nosso país, cuja população tem orgulho de sua nacionalidade. Orgulho de ser brasileiro! ”, foi o que disse o Diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira (DEP), Marcos Petrucelli, por meio de nota oficial.
Para a vereadora Erika Hilton, no entanto, a mudança é parte de um ataque promovido por Camargo contra a cultura e religiosidade do povo brasileiro.
“É inadmissível a tentativa desse apagamento da Fundação Palmares para substituir a logomarca – um oxê estilizado – simplesmente porque seu atual presidente ‘não gosta’. Isso não é sobre gostos pessoais. É sobre a manutenção do nosso patrimônio imaterial. Além de ser uma questão de liberdade religiosa, se trata também da memória e da cultura do nosso povo”, pontua Erika Hilton.
Desde que o edital de mudança da logo foi lançado, há quase dois meses, a vereadora enviou uma representação ao Ministério Público Federal pedindo seu cancelamento e abertura de inquérito contra Sérgio Camargo pela prática de racismo religioso.
A Ação Popular contra a mudança do logo da Fundação Palmares também foi apoiada por Regina Lúcia dos Santos e Milton Barbosa, ambos do MNU (Movimento Negro Unificado); Oswaldo Faustino e Flávio Carrança, membros da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial/SJSP; Prof. Dr. Dennis de Oliveira, da Rede Quilombação; pela ativista Neon Cunha; e também por Cinthia Gomes, da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo.
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