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Governadores eleitos mantém linhagem de empresários brancos no poder

No primeiro turno, Helder Barbalho (MDB-PA) e Ratinho Júnior (PSD-PR) foram os governadores eleitos com mais votos proporcionais; Romeu Zema (Novo-MG) foi o eleito com o maior número de votos absolutos

Foto: Imagem: Reprodução

10 de outubro de 2022

Entre as 213 candidaturas ao cargo de governador, 15 conseguiram se eleger no primeiro turno, enquanto 24 brigam pelas 12 vagas restantes em segundo turno. Dos eleitos no último dia 2, os que obtiveram a maior proporção dos votos são herdeiros de empresários com grande capital político em seus estados.

Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará, alcançou a maior proporção de votos dos estados, com 70,41% dos votos. Helder é filho do senador Jader Barbalho (MDB), político paraense com mais tempo de vida pública e o que mais acumulou cargos. A família Barbalho é proprietária do Grupo RBA de Comunicação e do jornal Diário do Pará, além de ser acionista da TV Tapajós, afiliada à Rede Globo.

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Para se ter uma ideia da longevidade da família na política, Jader Barbalho liderou o MDB à época da ditadura militar brasileira, ficando conhecido como um dos principais nomes nacionais no processo de redemocratização do Brasil. Ele dá nome ao bairro Jaderlândia, em Ananindeua, e ao Estádio Jader Barbalho, em Santarém, municípios do interior do Pará.

Helder manifestou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha ao segundo turno da presidência da República: “O objetivo agora é garantir que o povo vote. Vamos reduzir a abstenção e evitar que o povo se desmobilize”, disse o governador do Pará em coletiva de imprensa. 

O segundo colocado na proporção foi Ratinho Júnior (PSD), reeleito governador do Paraná com 69,64% dos votos. Carlos Roberto Massa Júnior é herdeiro de um dos mais expoentes comunicadores brasileiros Carlos Roberto Massa, o Ratinho. Ratinho é declaradamente apoiador do atual presidente Jair Bolsonaro. A família Massa também é proprietária do Grupo Massa, um conglomerado empresarial atuante nas áreas de comunicação (Rede Massa, afiliada ao SBT), agronegócio, gestão e licenciamento de marcas. Além disso, seu pai também foi deputado federal pelo Paraná entre os anos de 1991 e 1995.

No que diz respeito ao eleito com maior número absoluto de votos, Romeu Zema (Novo-MG) lidera o ranking. O governador de Minas Gerais, que também é empresário, herdeiro do Grupo Zema, foi reeleito com quase 6,1 milhões de votos. Na sequência aparece o governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), com pouco mais de 4,9 milhões de votos.

A Alma Preta Jornalismo em parceria com o Instituto Data_Labe compilou os principais dados sobre os governadores eleitos e que ainda estão em corrida pelo resultado do segundo turno. Os dados foram levantados a partir de informações do TSE obtidas pelo programador Paulo Mota, integrante do laboratório de dados e narrativas localizado na favela da Maré, no Rio de Janeiro.

Conforme levantamento, Tarcísio de Freitas foi o candidato a governador mais votado do país em números absolutos. O engenheiro e militar da reserva é filiado ao partido Republicanos. Foi ministro da Infraestrutura no governo Jair Bolsonaro, diretor executivo e diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes durante o governo Dilma Rousseff. Ele teve 42,32% dos votos em São Paulo, o que corresponde a quase 10 milhões de votos no estado.

Tarcísio é carioca de nascimento e sua mudança de domicílio eleitoral, feita em janeiro deste ano, causou muita polêmica. O candidato residia em Brasília e alterou sua residência para São José dos Campos, no interior de São Paulo, a fim de concerrer ao pleito pelo comando do governo paulista. O endereço em questão, um apartamento, foi alugado junto ao seu cunhado em setembro de 2021, três meses antes da solicitação de mudança, justamente o prazo mínimo de moradia para o pedido. Uma reportagem da Folha de S. Paulo apontou que o bolsonarista não residia no local, o que acarretou numa investigação da Polícia Federal, que decretou sigilo da apuração do caso.

Eleitos x posicionamento

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A distribuição de governadores eleitos pelo posicionamento do partido alcançou a maior predominância para os partidos de direita com oito eleitos. Seguido da esquerda com quatro eleitos e o centro com apenas três.

A direita elegeu governadores nos seguintes estados: Acre, Amapá, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins. Candidatos de centro foram eleitos no Distrito Federal, Pará e Paraná.

Já os partidos de esquerda sairam vitoriosos no Ceará, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte, todos do Nordeste do país, sendo três eleitos do PT e um do PSB, respectivamente os partidos que encabeçam a candidatura de Lula (PT) à presidência e Geraldo Alckmin (PSB) à vice-presidência.

Gênero

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Dos 213 candidatos a governador, 176 eram do gênero masculino (82,6%). Entretanto, apesar de as mulheres serem aproximadamente 17% das candidatas no pleito, entre os eleitos essa proporção caiu para 6,7%, com apenas uma candidata eleita, a petista Fátima Bezerra, que vai para seu segundo mandato como governadora do Rio Grande do Norte, com 58,31% dos votos.

Raça

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A distribuição de raça/cor entre as candidaturas aos governos foram na maioria de candidatos brancos (58,7% do total). Negros somaram 39,9% do total de candidaturas para os estados. Entre os eleitos estão 60% de eleitos brancos e 40% de governadores negros. 

Comparativo com 2018

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As proporções foram modificadas de forma oposta. Em comparação com as eleições gerais de 2018, as candidaturas brancas eleitas diminuíram 13% e os pardos aumentaram em 13%. No entanto, muitas Unidades Federativas enfrentarão o segundo turno, portanto as proporções podem se modificar. 

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