Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) fará quatro lives para falar do trabalho do abolicionista
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Texto: Redação | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução
Luiz Gama foi um dos primeiros homens negros a ocupar os jornais brasileiros no século 19 como autor de textos em vez de mercadoria. O jornalista que foi também advogado, fundador do Partido Republicano Paulista e o principal líder abolicionista negro ganha em 2020 uma série de quatro lives para comemorar seus 190 anos de nascimento.
Os eventos são organizados pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo (Cojira-SP), que é vinculada ao Sindicato dos Jornalistas e pretende abordar os trabalhos de Gama na imprensa. “Esse evento é uma reparação histórica contra o racismo epistemológico que apagou a figura de Luiz Gama da história da comunicação e do jornalismo”, ressalta Cinthia Gomes, mestranda da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), que integra a comissão e pesquisa sobre o abolicionista.
Cinthia lembra que mesmo quem se forma em Jornalismo não conhece a história de Gama na faculdade. “Além de ter sido proprietário de dois jornais, ele foi articulista e escreveu nos jornais mais importantes da época em São Paulo e no Rio de Janeiro. Nesses artigos, ele exercia diversas funções, como a de ombudsman em que monitorava o noticiário e criticava a atividade da imprensa. Ele ajuda a demarcar o início da atividade jornalística”, ressalta a pesquisadora.
Em seus artigos, Gama defendia princípios como a liberdade de imprensa, deu publicidade a casos de atos ilícitos cometidos por juízes que causavam obstáculo para as causas de liberdade. “Foi pioneiro em promover uma representação positiva e subversiva do sujeito negro na imprensa, que não era considerado um ser humano. Para além de conseguir status legal de liberdade das pessoas como advogado, Gama usava a imprensa para promover a mudança do imaginário popular para re-humanizar as pessoas negras”, destaca Cinthia.
História
Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em Salvador em 21 de junho de 1830 e morreu em São Paulo em 24 de agosto de 1882. Ele inscreveu seu nome da história da comunicação ao fundar o primeiro jornal ilustrado de São Paulo, o Diabo Coxo, em 1864, ao lado do caricaturista italiano Ângelo Agostini, e teve uma longa trajetória em outros veículos da época.
Como articulista, Gama contribuiu em questões fundamentais, como a representação da população negra na mídia e a defesa de princípios como a liberdade de imprensa. Com seu trabalho conseguiu libertar mais de 500 pessoas escravizadas.
As lives serão às quintas, às 18h, e com exceção de uma, que será no dia 21 de junho, domingo, data do nascimento de Luiz Gama, às 16h. As transmissões ao vivo serão feitas pelo Facebook, nas páginas da Cojira-SP, Alma Preta e Jornalistas Livres.
Veja a programação:
Live 1: Luiz Gama, filho de Luiza Mahín
Data: 11/06, 18h
Apresentação: Juliana Gonçalves (jornalista, mestranda em Estudos Culturais na USP, integrante da Cojira-SP e da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo)
Convidada: Dulci Lima (doutoranda em Ciências Humanas e Sociais na UFABC, mestra em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie. Bacharel em História pela USP. Pesquisadora do Centro de Pesquisa e Formação do SESC SP).
Live 2 – Luiz Gama: uma luz sobre o blecaute histórico
Data 18/06, 18h
Apresentação: Beatriz Sanz (jornalista, bolsista na fundação Cosecha Roja (Argentina), co-criadora do Banco de Talentos Negros e integrante da Cojira-SP)
Convidado: Oswaldo Faustino (jornalista, escritor, ator e co-fundador da Cojira-SP. Autor dos livros “A Legião Negra” e “ A luz de Luiz”, entre outros)
Live 3: As lições de resistência do jornalista Luiz Gama.
Data: 21/06, 16h
Apresentação: Cláudia Alexandre (jornalista, doutoranda em Ciência da Religião na PUC-SP, apresentadora do Programa Papo de Bamba e integrante da Cojira-SP)
Convidada: Ligia Ferreira (Profa. Dra. do Departamento de Letras na UNIFESP. Autora e organizadora dos livros “Primeiras Trovas Burlescas e outros poemas”, “Com a Palavra, Luiz Gama” e “Lições de Resistência: artigos de Luiz Gama na imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro”)
Live 4 – Luiz Gama: a voz negra na imprensa
Data: 25/06, 18h
Apresentação: Guilherme Soares Dias (jornalista, empreendedor, apresentador do Guia Negro Entrevista e integrante da Cojira-SP)
Convidada: Cinthia Gomes (jornalista, mestranda em Ciências da Comunicação na USP, integrante da Cojira-SP e da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo).