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Em ato em SP, mulheres negras exigem fim da violência racial e cessar-fogo na Palestina

Mulheres foram às ruas neste Dia Internacional da Mulher e reivindicaram ainda descriminalização do aborto e paridade salarial
Imagem mostra uma mulher negra em um ato na Avenida Paulista.

Foto: Mariane Barbosa/Alma Preta

8 de março de 2024

Representantes de movimentos sociais de diferentes frentes realizaram nesta sexta-feira (8) em São Paulo (SP) um ato em defesa dos direitos das mulheres no Brasil e no mundo. As manifestantes saíram do Espaço Cultural Lélia Abramo, na Bela Vista, para uma caminhada em direção ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na Avenida Paulista, onde o protesto se concentrou a partir das 17h.

Entre as reivindicações, as manifestantes exigiram mais políticas públicas de cuidado à saúde da mulher, descriminalização do aborto, equidade de gênero, paridade salarial e combate à violência racial e de gênero.

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“O movimento de mulheres foi e continua a fazer resistência contra a extrema-direita no Brasil. Por isso, no nosso mote está a legalização do aborto, o combate ao fascimo e ao genocídio negro e palestino”, destacou Luca Franca, coordenadora de organização do Movimento Negro Unificado (MNU) em São Paulo, em entrevista à Alma Preta.

Ativistas negras que foram ao ato também chamaram atenção para a violência policial no litoral do estado. As Operações Escudo e Verão, ambas deflagradas por policiais militares na Baixada Santista, deixaram dezenas de mortos desde o início de 2024 e a maioria das vítimas foram identificadas como negras, de acordo com relatório da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

“Estamos chorando pela morte de jovens na Operação Verão. Lutar pela vida da população negra é lutar por centenas de mulheres que têm sobrevivido à ausência do estado e à violência”, pontuou Simone Nascimento, co-deputada estadual da Bancada Feminista do PSOL e coordenadora estadual do MNU.

Simone também alertou para o “desmonte” de serviços prestados à população feminina no estado. “É fundamental estarmos nas ruas neste momento de grande ofensiva da extrema-direita contra os direitos reprodutivos das mulheres. Nossa luta é sobretudo para ter nossas reivindicações atingidas”.

Foto: Mariane Barbosa/Alma Preta

Outra reivindicação das mulheres se refere ao combate à violência de gênero.  Pesquisa do Instituto Sou da Paz divulgada nesta sexta-feira (8) mostrou que no ano passado 1.878 mulheres foram assassinadas por arma de fogo, sendo que 68,3% das vítimas eram negras.

De acordo com o levantamento, 27% das agressões com arma de fogo que resultaram em morte ocorreram dentro da casa da vítima e em 43% dos casos o crime foi cometido por pessoas que têm proximidade com a vítima, sejam parceiros, amigos, conhecidos ou familiares. A morte por pessoas desconhecidas representa o segundo maior percentual, com 40%.

“Sabemos que nos últimos anos houve um aumento nos casos de feminicídios. Exigimos também igualdade salarial, uma mulher negra ganha 40% a menos que um homem branco. Não podemos falar de uma democracia que não chega ao povo negro”, reivindicou Susana Malu Córdoba, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Foto: Mariane Barbosa/Alma Preta

Como bandeira, os movimentos de mulheres também destacam a situação de mulheres e crianças palestinas na Faixa de Gaza, que são as maiores vítimas da guerra do governo de Israel contra o Hamas.

“Saímos às ruas para pedir um cessar fogo na Palestina, pois sabemos que 66% das vítimas dos últimos ataques são mulheres e crianças. Lutamos contra a política de morte no Brasil, contra o povo negro, e por solidariedade aos povo palestino”, explicou Regina Jerônimo, militante do Movimento de  Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos. 

Segundo estimativa da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP), pelo menos 2 mil pessoas participaram do ato na capital. Manifestações alusivas ao Dia Internacional da Mulher também ocorreram em outras capitais como Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Recife (PE), Salvador (BA), Belém (PA), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Passagens por UOL, Estadão, Automotive Business, Educação e Território, entre outras mídias.

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