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“Queremos estar na mesa de negociação e nas articulações com o nosso povo”, diz Douglas Belchior na COP27

O historiador e integrante da Coalizão Negra por Direitos ressalta que o debate sobre o racismo deve estar em centralidade nos debates sobre clima

Imagem: Pedro Borges/Alma Preta

Foto: Imagem: Pedro Borges/Alma Preta

18 de novembro de 2022

“A presença do movimento negro é fundamental nesses espaços como a COP27 para negociar e exigir que seja colocado em centralidade na mesa o debate sobre o racismo”. É o que destaca o professor e historiador Douglas Belchior, fundador da Uneafro e integrante da Coalizão Negra por Direitos.

Presente na 27° Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), Douglas ressalta que o movimento negro quer estar nas articulações ambientais e sociais realizadas na conferência climática. “Você anda pelos corredores de negociação e a maioria das pessoas, inclusive da sociedade civil mundial, são brancas. Homens brancos estão decidindo nosso futuro, ou melhor, o futuro deles no planeta. Viemos mais uma vez exigir isso, queremos estar na mesa de negociação com o nosso povo”.

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A liderança, que atualmente integra a equipe de transição do governo Lula, foi presença atuante durante os painéis propostos pelo estande da sociedade civil na COP27, o Brazil Climate Action Hub. Ele foi um interlocutor do encontro do movimento negro e quilombola com a deputada federal eleita Marina Silva (Rede), também integrante do governo de transição de Lula.

Conforme noticiado em matéria anterior da Alma Preta Jornalismo, a necessidade de titulação das terras quilombolas foi um dos pontos principais afirmados durante o encontro com Marina Silva.

Ao longo da COP, Douglas Belchior também esteve em discussões e painel sobre o combate ao racismo ambiental e sobre os desafios da população negra frente à emergência climática no Brasil.

“O racismo ambiental é um termo utilizado para se referir ao processo de discriminação que populações periféricas ou compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental. A expressão denuncia que a distribuição dos impactos ambientais não se dá de forma igual entre a população, sendo a parcela marginalizada e historicamente invisibilizada a mais afetada pela poluição e degradação ambiental”, explica o historiador.

Segundo o professor e ativista, problemas ambientais no campo, nas florestas e nas cidades foram enfrentados pelo povo negro ao longo dos últimos quatro anos com o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

“As cidades sofreram com enchentes, territórios quilombolas e indígenas não foram titulados e demarcados. Houve morte no campo, falta de comida e mais de 33 milhões de pessoas em situação de fome extrema. Também houve falta de consulta e participação do movimento negro nos espaços”, elenca Belchior.

De acordo com Douglas, os últimos quatro anos foram marcados pelo desmonte da política pública de meio ambiente e clima. Conforme matéria anterior da Alma Preta Jornalismo, órgãos como o Incra foram desmontados por meio de baixos investimentos. Além disso, houve o afrouxamento de regras para a proteção das florestas e para a punição de crimes ambientais.

“Bolsonaro declarou diversas vezes que quilombolas são pesados em arrobas, atacou populações indígenas. O governo bolsonaro foi um pesadelo para as comunidades tradicionais e periferias do Brasil, o povo negro e indígena nos territórios. Foram quatro anos de terror e aumento das mortes de ambientalistas e defensores da floresta”, comenta o ativista.

Na última quinta-feira (17), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve reunido com organizações da sociedade civil na COP27. O historiador Douglas foi o representante da Coalizão Negra por Direitos convidado a se pronunciar sobre as demandas do movimento negro para o próximo governo.

Para a ocasião, o movimento negro escreveu uma carta com mais de 250 assinaturas endereçada ao novo governo. De acordo com Douglas, o documento coloca que a Coalizão Negra Por Direitos e organizações parceiras reafirmam a importância do Brasil na UNFCCC (Convenção do Clima da ONU) e a posição do novo governo pela aprovação das metas e objetivos globais de financiamento para adaptação climática e para compensar as perdas e danos nesse contexto.

A carta também reforça a importância da retomada dos espaços de conselhos e participação da sociedade civil em questões relacionadas ao meio ambiente. “A expectativa para o próximo governo Lula é que sejamos parte da reconstrução. Que haja recursos para adaptação, que os territórios quilombolas sejam demarcados para acabarmos com o atraso de anos de descaso, que os conselhos e espaços de tomada de decisão tenham paridade e que estejamos nos centro das discussões”, finaliza Douglas Belchior.

Leia também: Lula se compromete a acelerar a titulação de terras quilombolas no Brasil

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