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Thainara Faria: “Oportunidade para todas as pessoas”

Em entrevista à Alma Preta, a vereadora e candidata a deputada estadual pelo PT-SP conta sua trajetória na política e as expectativas sobre seu possível mandato

Imagem mostra a candidata a deputada estadual Thainara Faria (PT-SP).

Foto: Imagem: I'sis Almeida/Alma Preta com Divulgação/Thainara Faria

16 de setembro de 2022

Primeira e única vereadora negra de Araraquara, cidade do interior paulista, Thainara Faria (PT-SP) é advogada e concorre pela primeira vez ao cargo de deputada estadual. Para a vereadora, a confiança no seu projeto político para ALESP tem relação com a construção de um trabalho sólido enquanto vereadora e a confiança do coletivo.

“Hoje, a minha expectativa de eleição é muito grande porque as pessoas abraçaram a candidatura. Não foi uma coisa da cabeça do Lula ou da cabeça Thainara. É um coletivo que entendeu a importância do nosso projeto”, explica.

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Thainara Faria começou na política aos 14 anos e diz que o principal motivo de ter se aproximado da política institucional foi por conta de sua mãe que, para complementar a renda da família, trabalhava em campanhas políticas. Hoje, com 27 anos, ela está em seu segundo mandato como vereadora. A advogada foi eleita pela primeira vez em 2016, aos 22 anos, e se tornou a vereadora mais jovem a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Araraquara. Em 2020 foi reeleita a vereadora, com 1.838 votos, sendo a mais votada da Legislatura.

A candidata afirma que sua escolha na carreira política pelo Partido dos Trabalhadores tem relação com as políticas afirmativas do partido, como o “Minha Casa, Minha Vida”, Bolsa Família e o PROUNI.

“A nossa situação não foi fácil, minha mãe tem uma casa pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’. Começamos a comer direito por conta do Bolsa Família e eu fiz faculdade pelo PROUNI. As políticas sociais e as ações afirmativas do PT me trouxeram até aqui, então, não tinha como ser outro partido”, conta.

Com um mandato de vereança pautado na garantia de direitos sociais e diálogo contínuo com a população, Thainara Faria explica que o crescimento e as expectativas com relação a sua campanha por parte de candidaturas aliadas é efeito de 6 anos de um mandato muito sólido e de sua evolução na política.

“As pessoas têm uma expectativa muito grande em relação a nossa candidatura por conta de 6 anos de um mandato muito sólido e consistente em Araraquara. Eu fui a primeira mulher negra eleita na câmara, até hoje eu sou a única. Passei por inúmeras violências no ambiente político e a minha resposta foi com mais trabalho. A nossa campanha é chamada de identitária, mas tem um trabalho muito sólido e consistente, isso faz com que as nossas dobradas e candidatura tenham força e expectativa. É um trabalho que foi consolidado com a reeleição, sendo a vereadora mais votada da cidade e com o coletivo”, relata.

Para a vereadora, dos 27 projetos que apresentou na Câmara de Araraquara, ela considera fundamentais os que possibilitaram a inserção das mulheres acima de 45 anos, pessoas com deficiência e egressos do sistema prisional no mercado de trabalho. Além desses, ela pontua a importância do projeto “12 meses de consciência negra” em que discute, todos os meses junto a população, os porquês do racismo estrutural, qual o papel da sociedade na reintegração de posse do país. Em seu plano de legislatura para 2023, ela pretende continuar atuando pelo desenvolvimento econômico e social para garantia de direitos e inserir as pautas dos movimentos sociais na Agenda Governamental do Estado de São Paulo.

Como integrante da Frente Parlamentar Antirracista da Camara de Araraquara, Thainara Faria acredita que seu futuro mandato como Deputada Estadual pode ser relevante na construção desse diálogo pedagógico mais amplo com a sociedade sobre o racismo. Além disso, ela pontua a importância de trazer a população para mais perto do mandato para que haja um maior entendimento dos processos implicados em uma legislatura.

“Um mandato de deputada estadual é um instrumento potente de estudo e meio pedagógico de diálogo. Eu sempre fiz um mandato participativo e o mandato de deputada abre um caminho para você chamar as pessoas de todas as cidades do estado a dialogarem e discutirem. Tudo passa por um processo legislativo e de licitação, até aquilo que eu tenho vontade de fazer não depende só de mim, mas também de outros deputados”, afirma.

Ela completa dizendo que esse diálogo com a sociedade é fundamental para que haja um entendimento da importância de se eleger mais pessoas negras comprometidas com a pauta antirracista, pois só assim poderemos visualizar mudanças reais na sociedade como um todo.

“Eu falo da importância desse instrumento pedagógico que por mais que haja vontade de fazer a gente vai ter que compreender que as nossas mudanças reais vão acontecer quando a gente colocar pelo menos metade de pessoas pretas e antirracistas dentro das Assembléias, Câmaras, Prefeituras. Assim, teremos um número para votar e fazer pressão de verdade”, finaliza.

Leia também: Max Maciel: “A periferia é o centro”

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