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‘Já vivemos a emergência’: Rio Grande do Sul pode declarar Estado de Emergência Climática Permanente

Projeto de Lei no Rio Grande do Sul propõe neutralizar emissões até 2050 e criar plano climático com participação da sociedade civil
Locais alagados pela enchente no município de Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul.

Locais alagados pela enchente no município de Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul.

— Bruno Peres/Agência Brasil

21 de março de 2025

O Rio Grande do Sul pode se tornar o primeiro estado do Brasil a reconhecer oficialmente um Estado de Emergência Climática Permanente. O Projeto de Lei 23/2023, de autoria do deputado estadual Matheus Gomes (PSOL-RS), entrou na pauta da Assembleia Legislativa e pode ser votado em plenário a qualquer momento. 

A proposta, protocolada no primeiro dia de mandato de Gomes, em fevereiro de 2023, ganhou urgência após os eventos climáticos extremos que atingiram o estado nos últimos anos, como estiagens, ondas de calor e enchentes históricas.

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“A emergência climática já é realidade”

O deputado Matheus Gomes destaca que a crise ambiental já atinge a população gaúcha de forma severa. “Já passamos do tempo em que falávamos de mudanças climáticas como algo para o futuro, hoje vivemos a emergência”, afirmou. 

O parlamentar ainda aponta que a imagem tradicional do aquecimento global precisa ser atualizada. “A imagem do urso polar isolado nas geleiras, que simbolizava essa ideia, é coisa do passado, tragicamente. A imagem da emergência climática atualmente é a população gaúcha ilhada nas suas casas.”

Nos últimos meses, o Rio Grande do Sul enfrentou estiagens prolongadas, ondas de calor recordes e enchentes que afetaram milhares de pessoas. “Nosso estado enfrentou a estiagem, chuvas torrenciais e uma enchente histórica. Para virarmos o jogo, precisamos agir com coragem”, disse Gomes.

Plano estadual e metas até 2050

O projeto prevê que o governo estadual apresente, em até um ano, um Plano Estadual de Resposta à Emergência Climática, com metas quinquenais progressivas até 2050 para a neutralização das emissões de gases de efeito estufa e a transição energética para fontes limpas.

Segundo Gomes, essa medida preenche uma lacuna nas políticas ambientais do estado. “A prática dos governos tem sido assinar acordos e não ter metas bem estabelecidas para dizer como vamos percorrer o caminho até a neutralização das emissões”, afirmou. 

Ele reforça que a participação popular deve ser central nesse processo. “Os planos precisam ser construídos com participação da sociedade civil, respeitando os princípios de equidade, autodeterminação dos povos e proteção dos direitos fundamentais. Isso é fundamental para a população negra, periférica, indígena e os trabalhadores do campo.”

Além disso, o deputado alerta para os riscos políticos de retrocessos na pauta ambiental. “No momento em que a maior potência do mundo é governada por um negacionista climático como Donald Trump, o projeto cria uma barreira legal para o futuro do RS, cravando o reconhecimento do Estado de Emergência Climática Permanente como lei.”

Obstáculos na tramitação

Desde que foi apresentado, o projeto enfrentou lentidão na Assembleia Legislativa. Gomes lembra que a proposta foi protocolada no primeiro dia de seu mandato, em 2 de fevereiro de 2023. “Se tivesse sido priorizado pelos deputados e pelo governo Eduardo Leite, poderia ter ajudado muito no momento mais difícil da história do RS, as enchentes do ano passado.”

Para o parlamentar há uma falta de prioridade da Assembleia para pautas ambientais. “Nos últimos 10 anos, a Assembleia Legislativa não aprovou leis de proteção ambiental, apenas promoveu retrocessos nessa área”, critica Gomes. “A aprovação desse projeto é uma oportunidade dos deputados começarem a reparar esses erros que causaram inúmeros danos à nossa população”, conclui.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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