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Ato ‘Fora Bolsonaro’ em São Paulo denuncia genocídio da população negra

Mobilização nacional pelo “Fora Bolsonaro” coincidiu com os 29 anos do Massacre do Carandiru, que foi lembrado na Avenida Paulista 

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Patrick Guerra

ato na paulista, dia 2 de outubro, fora bolsonaro

2 de outubro de 2021

Os milhares de manifestantes que lotaram a avenida Paulista, em São Paulo, protestaram pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro, responsabilizado pelas crises institucionais e pelas quase 600 mil mortes na pandemia do Covid-19. As entidades organizadas do movimento negro, que fazem parte da Coalizão Negra por Direitos, participaram do ato com denúncias sobre o genocídio, na data em que se completa 29 anos do Massacre do Carandiru. 

“O genocídio do negro no Brasil é um processo histórico, vivemos isso todos os dias. Hoje faz 29 anos que 111 vidas de seres humanos, na sua maioria negros, foram ceifadas. Que 111 famiílias, que já tinham sido vítimas da falta de assistência de saúde, de educação e de infraestrutura, por conta do racismo, foram também vítimas do genocídio”, afirmou Douglas Belchior, educador, membro da Uneafro e da Coalizão Negra por Direitos.

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A estudante Ester Rocha, que mora na Cidade Tiradentes e também é da Coalizão, acredita que o atual governo não tem empatia com os problemas da população negra. “Todo o governo é formado por homens brancos e ricos. Não há nenhuma preocupação com a realidade da maioria da população. Não tem nenhuma representante da luta das mulheres contra o machismo. Os negros que eles chamam para fazer parte do governo são aqueles que aceitam as suas doutrinas e concordam com a exploração do povo”, pontuou.

Para um dos fundadores do Movimento Negro Unificado (MNU) e liderança histórica da luta contra o racismo no Brasil, Milton Barbosa, conhecido como Miltão, todas as características do governo Bolsonaro são justificativas para o impeachment. “Ele é racista, golpista, machista e antidemocrático. Não faz nada de bom para o país. Ele está há mil dias no governo e só gerou retrocessos”, disse.

Durante o ato, o artista plástico Kleber Pagú montou uma oficina de impressão de cartazes e camisetas para protestar contra o governo. Frases como “Mulheres e Pretos no Poder” ou “Redemocratrizar a Democracia” eram impressas gratuitamente em camisetas e bandeiras de quem estava por perto. “Queremos colocar algumas ideias no corpo e em movimento. O corpo negro é um corpo político, um corpo que é assassinado todos os dias no Brasil”, enfatizou Pagú.

Simone Nascimento, do MNU, em seu discurso, lembrou que o movimento negro, formado por militantes periféricos, foi fundamental na luta conta a ditadura militar. “O movimento popular organizado condena o Jair Bolsonaro pelo crime de genocídio contra o povo negro brasileiro, que é a principal vítima da Covid-19. O povo tem que se organizar para acabar de vez com o neo-fascismo”, declarou.

O radialista e produtor musical Nego Chic também esteve presente no ato contra o governo. Segundo ele, as condições econômicas com preços altos e o desemprego estão estrangulando a população negra. “Diariamente os negros são humilhados. As pessoas precisam acordar e fazer a revolução e nos libertar deste governo de exploradores”, afirmou o radialista, que é do bairro do Capão Redondo, na zona Sul da capital.

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