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Famílias ficam desabrigadas após incêndio em ocupação no Recife

Movimento dos Trabalhaores Sem-Teto denuncia descaso com ocupações no Recife e realiza campanha para ajudar moradores atingidos por incêndio na Ocupação Carolina de Jesus

Texto: Lenne Ferreira e Victor Lacerda I Edição: Lenne Ferreira I Imagens: Paloma Luna Bittencourt

Famílias ficam desabrigadas após incêndio em ocupação no Recife

12 de outubro de 2021

Era pouco mais das 19h quando os moradores da Ocupação Carolina de Jesus, no Barro, Zona Oeste do Recife, ouviram uma explosão seguida por um incêndio que atingiu 10 barracos de madeira. Acionados pela população, o Corpo de Bombeiro conseguiu conter o alastramento do fogo, mas 10 famílias ficaram desabrigadas. Gente como a ambulante Josefa e o catador de material reciclável, João Ferreira, que perde tudo. Para ajudar a comunidade, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) lançou uma campanha de arrecadação de doações. 

Josefa estava em casa sozinha com o casal de filhos quando o incêndio começou e ficou presa do lado de dentro, pois não encontrou a chave. Foi o companheiro dela quem arrombou a porta e ajudou a resgatar as crianças e alguns objetos da família O fogão e a geladeira, no entanto, não foi recuperado.  “A gente luta tanto pra ter as coisas, mas o importante é que estão todos com vida”, comentou a ambulante, que precisa de ajuda para remontar a casa. 

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Para o MTST, que acompanha a ocupação desde a sua fundação, há três anos, o ocorrido só deixa mais explícito o abandono vivenciado pelos moradores da área. “É o resultado da falta de política pública e de respostas do governo do PSB para essas famílias”, disparou o movimento em anúncio nas redes sociais reforçando ainda a necessidade de políticas públicas que garantam moradia digna para todas as pessoas sem teto. 

A articuladora social Isis Thayzi, que integra a Creche Marielle Franco, situada dentro da Ocupação, afirma, em conversa com a Alma Preta Jornalismo, que o incêndio pontua uma fase de entraves e luta intensa na cobrança de melhorias de condições básicas à população sem teto do Recife. Nos sete territórios coordenados pelo MTST, para a articuladora, todos precisam de ações efetivas, seja da gestão municipal ou estadual. 

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“Os territórios estão ocupados desde 2017 e não há avanço nas negociações. Já fizemos travamento de rodovia, ato no centro do Recife, entregamos nossas pautas na prefeitura e ao governo, mas não há retornos. Isso que aconteceu é fruto do abandono das gestões que não se importam com a via dos trabalhadores que não tem um lugar digno para morar”, pontua.

A articuladora ainda complementa afirmando que o caso de incêndio é apenas uma parte da problemática que envolve pessoas que vivem em situações de moradia precária. “A gente sequer tem um projeto político que ajude nessa situação. O que faremos agora é  acolher as famílias e levantar, novamente, as moradias”, finaliza. 

No último sábado (9), a Defesa Civil fez uma avaliação do local e, em seguida, a Prefeitura do Recife deverá avaliar se há necessidade de assistência social para as famílias vítimas do incêndio.

Nesse momento, a articulação responsável pela ajuda às vítimas informa que está aceitando doações de eletrodomésticos, roupas, panelas, e tudo que precisa para reconstruir uma casa. Para doações financeiras, o MTST informa que há uma chave pix disponível para transferências: [email protected].

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