Contagem aprimorou metodologia do Censo 2010 para superar subnotificações na autodeclaração.
O Brasil tem 1.693.535 indígenas, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta segunda-feira (7). Eles são 0,83% da população total do país e correspondem a quase o dobro de indígenas contabilizados em 2010. No levantamento anterior, foram contabilizadas 896.917 pessoas indígenas, o que correspondia a 0,47% da população residente no país.
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A publicação dos dados ocorre um dia antes do início da Cúpula da Amazônia, que acontece nos dias 8 e 9 de agosto, em Belém (PA). Não há explicações oficiais para o aumento da autodeclaração, mas uma delas é que houve mudanças metodológicas na captação de dados.
Desde 2010, as estatísticas oficiais sobre a população indígena fornecidas pelo Censo são compostas por dois quesitos. O primeiro é o de cor ou raça, quando a opção de resposta é indígena. O segundo é o quesito “se considera indígena”. Assim, o total de pessoas indígenas é a soma de todas as pessoas que respondem ter cor ou raça indígena e de todas as que respondem que sim ao quesito “se considera indígena”.
A pergunta sobre cor ou raça é feita a todos os respondentes de todo o Brasil. Já o quesito “se considera indígena” tem abertura espacialmente controlada em situações específicas. A diferença é que, em 2010, a pergunta “se considera indígena” foi realizada apenas no interior das terras indígenas para aqueles respondentes que não se declaravam indígenas no quesito de cor ou raça. Já no Censo 2022, definiu-se os seguintes critérios:
- A pergunta “se considera indígena” foi aplicada nos domicílios em terras indígenas oficialmente delimitadas, nos agrupamentos indígenas e nas áreas associadas a localidades indígenas de ocupação dispersa;
- Nas Terras Indígenas oficialmente delimitadas e nos agrupamentos indígenas, a pergunta foi feita em todos os domicílios;
- Nas outras localidades indígenas, a pergunta era condicionada à uma checagem geográfica sobre se ali seria mesmo uma área deste tipo;
- Caso o setor censitário (divisão feita pelo IBGE) contivesse áreas indígenas previamente identificadas pelo IBGE, a pergunta foi aplicada.
No total, a pergunta “se considera indígena” foi feita para 18.669.778 pessoas, tendo sido respondida afirmativamente por 467.097 delas, ou seja, 2,5% dos respondentes.
De toda a autoidentificação, verifica-se que o quesito de cor ou raça foi responsável por 72,42% da população indígena, e o quesito “se considera indígena”, por 27,58%.
Em termos absolutos, a região Nordeste é aquela onde o maior percentual de pessoas indígenas declarou seu pertencimento étnico utilizando o quesito “se considera indígena”, que foi de 38,07% (201.323 pessoas), seguida da Região Norte, com 28,40% (213.952 pessoas).
As regiões Norte e Nordeste concentram 75,71% da população indígena: 44,48% (753.357 pessoas) estão no Norte, e 31,22% (528.800 pessoas), no Nordeste. O restante está distribuído da seguinte forma:
Dois estados concentram 42,51% dos indígenas: o Amazonas, com 490.854 pessoas (28,98%), e a Bahia, com 229.103 pessoas (13,53%). Mato Grosso do Sul apresenta o terceiro maior quantitativo, com 116.346 pessoas indígenas, seguido de Pernambuco, com 106.634, e Roraima, com 97.320 indígenas. Estas cinco Unidades da Federação concentram 61,43% da população indígena.
Em termos relativos, Roraima se destaca por ter 15,29% da sua população indígena, seguida do Amazonas, com 12,45%, do Mato Grosso do Sul, com 4,22%, do Acre, com 3,82% e da Bahia, com 1,62%.
O município com maior quantidade absoluta de indígenas é Manaus (AM), com 71.713 pessoas, seguido de São Gabriel da Cachoeira (AM), com 48.256 pessoas, e de Tabatinga (AM), com 34.497 pessoas.
Territórios indígenas
Do total de indígenas, 622.066 (36,73%) residem em territórios indígenas, e 1.071.469 (63,27%) fora deles. Dentre os que residem em terra indígena, 64,83% estão na Amazônia Legal. Regionalmente, as maiores concentrações estão nas regiões Centro-Oeste, com 57% (113.943), Sul com 45,60% (40.174) e Norte, com 42,01% (316.496) apresentam as maiores concentrações de população indígena residente em territórios originários, apresentando valores superiores ao percentual nacional (36,73%).
Nos estados, os maiores percentuais de pessoas indígenas dentro de suas terras são encontrados:no Mato Grosso, com 77,39% (45.065), no Tocantins, com 75,98% (15.213), e em Roraima, com 73,38% (71.412).
A cidade com maior proporção de indígenas é Uiramutã, em Roraima, com 96,60% da sua população autdeclarada indígena. Em seguida, Santa Isabel do Rio Negro (AM), com 96,17%, e São Gabriel da Cachoeira (AM), com 93,17%.
A terra indígena com maior quantitativo de pessoas indígenas é a Yanomami, que ocupa os territórios do Amazonas e de Roraima e tem 27.152 indígenas, o que representa 4,36% do total de indígenas em territórios originários do País.
Em seguida, está a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, com 26.176 indígenas, e o território de Évare I, no Amazonas, com 20.177.
A comparação com o Censo 2010 indica que as seis terras mais povoadas por indígenas permanecem as mesmas: Yanomami, Raposa Serra do Sol, Évare I, Alto Rio Negro, no Amazonas, Andirá-Marau, no Amazonas e no Pará, e Dourados, no Mato Grosso do Sul. A novidade é que os territórios indígenas São Marcos, em Roraima; e Cana Brava/Guajajara e Arariboia, ambos no Maranhão, passaram a compor a listagem das dez terras com maior presença indígena.