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Bahia: rapaz está preso há nove meses e família aponta irregularidades no reconhecimento

Tulio de Jesus Silva é acusado de cometer um assassinato no município de Pintadas, enquanto imagens de câmeras de segurança mostram ele em outra localidade na hora do crime  

Rapaz foi preso após reconhecimento irregular

Foto: Imagem I Arquivo da família

18 de maio de 2022

O assistente de serviços gerais Tulio de Jesus Silva, 24 anos, está preso desde o dia 18 de agosto de 2021, na carceragem da delegacia de Pintadas, no interior da Bahia. O rapaz é acusado de ter assassinado, com um cúmplice, a gerente de um bordel, mas sua família faz uma campanha há nove meses para denunciar uma série de irregularidades no caso.

Na noite de uma terça-feira,  dia 17 de agosto, a vítima, conhecida como Morena, foi morta a tiros por duas pessoas que chegaram a pé até bordel chamado Beira Rio. Os suspeitos estavam com os rostos descobertos e mandaram os clientes e as funcionárias entregarem celulares e dinheiro, atiraram na gerente do bordel  e depois fugiram a pé. 

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Para a polícia, as testemunhas não conseguiram dar detalhes sobre as características dos suspeitos, indicaram apenas que um seria branco, usando um brinco e ou outro “moreno” mais velho.

No dia e horário do crime, Tulio estaria em outro bairro da cidade, segundo filmagens de câmeras de segurança de uma loja. No momento próximo o crime, o rapaz estaria indo em direção à sua casa, depois de ter encontrado com a namorada em uma praça. A imagem mostra Tulio sozinho e com roupas que não batem com a descrição dos suspeitos. Ele teria jantado com a mãe, o padastro e os irmãos

Tulio, segundo a família, ficou em casa o tempo todo até ser preso na manhã seguinte pela polícia, por volta das 10h.

Os policiais militares algemaram o jovem e o levaram até a delegacia. Antes disso, as testemunhas foram apresentadas a várias fotos dele que tinham sido retiradas das redes sociais. Na delegacia, ele foi apresentado como único suspeito e as testemunhas viram ele chegando algemado. Todas as funcionárias do bordel são de outras cidades da região e algumas estavam lá há menos de uma semana.

Tulio afirma que era perseguido pela polícia e que já tinha sido abordado várias vezes. Em uma dessas abordagens, ele teria sido levado para a delegacia sob suspeita de tráfico de drogas, mas o delegado o liberou. Por conta dessa perseguição e a falta de emprego, o rapaz tinha planos de se mudar para Feira de Santana.

tulio preso na Bahia injustamente

Tulio estava em casa na hora do crime  (Imagem: arquivo da família)

Por e-mail, os familiares de Tulio relataram que ele tinha ido ao bordel no domingo anterior ao crime para comprar cigarro, mas que não tinha nenhuma relação ou conflito com a gerente do local. O rapaz também já tinha feito programa com algumas das garotas da casa, quando a namorada dele não estava na cidade. No entanto, nenhuma das testemunhas trabalhavam na casa naquela época.

A reportagem procurou o governo da Bahia e a Secretaria de Segurança Pública do Estado para saber os procedimentos da prisão e da acusação feita contra Tulio. Também foram feitas perguntas sobre os pontos contraditórios que os familiares apontam. Não houve resposta para os questionamentos até a conclusão da matéria.

O Tribunal de Justiça da Bahia negou o pedido de habeas corpus feito pela Defensoria Pública para que o rapaz ficasse em liberdade durante a tramitação do processo.

“Não é admissível, em um Estado Democrático de Direito, a aplicação do famigerado princípio do in dubio pro societate, o qual submete o acusado ao constrangimento de um julgamento pelo Tribunal do Júri com base em mera dúvida. Nota-se que tal princípio se contradiz em seus próprios termos, uma vez que a sociedade não se beneficia quando uma pessoa é levada a julgamento sem provas”, diz um trecho das alegações finais do processo, feitas pelo defensor público Bruno Botelho de Souza Aguiar, da 2ª Defensoria Pública da comarca de Ipirá.

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