Uma criança de 11 anos ficou ferida durante uma operação da Polícia Militar no bairro de São Marcos, em Salvador. O caso aconteceu na noite da quinta-feira (30), na comunidade do Coroado. Segundo moradores, dois policiais em uma moto chegaram na comunidade atirando. Durante a ação, a criança foi baleada na virilha. O menino foi encaminhado para o Hospital, onde passou por cirurgia e passa bem.
Ainda conforme os moradores, dois homens também ficaram feridos, sendo que um morreu e o outro foi atingido de raspão. Ainda não há informações sobre o estado de saúde dele. Diante da ação, moradores fizeram um protesto contra a atuação violenta da polícia na localidade e disse que é frequente que os policiais já cheguem atirando na comunidade. Durante o protesto, uma das via principais do bairro foi fechada e madeiras e entulhos foram incendiados para denunciar o caso e pedir por justiça pela criança.
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“É por que a gente mora dentro de uma favela que a gente é vagabundo? Que a gente deve à Justiça? Não. Todos nós aqui somos pobres, a gente mora dentro da favela, nós somos negros, mas a gente quer respeito, porque a gente trabalha honestamente. A gente mora aqui, mas a gente não é bicho”, disse uma das moradoras à reportagem da TV Bahia, que esteve no local.
A Alma Preta procurou a PM para pedir um posicionamento sobre o ocorrido, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Dados sobre violência na Bahia
Segundo levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, a Bahia é o estado com a maior letalidade policial no Nordeste. Segundo dados do relatório “A vida resiste: além dos dados da violência”, 461 pessoas morreram durante operações policiais ocorridas na Bahia de junho de 2019 a maio de 2021.
Em relação ao total de vítimas em ações da polícia por estado (incluindo número de mortos, mortes de crianças e adolescentes e feridos), a Bahia também lidera em relação ao Nordeste, com 510 casos.
A pesquisa também mostra que a Polícia Militar é a principal força policial envolvida nas ações monitoradas pelo levantamento, tendo presença expressiva de quase 70%.
Em conversa com a Alma Preta, o coordenador da Rede de Observatórios na Bahia, Dudu Ribeiro, apontou uma resistência da Secretaria da Segurança Pública em reconhecer os dados e tentar um diálogo em pensar novas formas de segurança.
“Há uma prevalência da lógica do confronto e da violência que orienta a ação da Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Esse modelo é particularmente dramático nas comunidades negras e periféricas, onde a vida não tem sido a prioridade da atuação dos agentes de segurança”.
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