Única mulher negra na disputa pela gestão da maior cidade do Brasil quer criar conselhos populares e mostrar um novo modelo político com taxação das grandes fortunas
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Acervo Pessoal
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Vera Lúcia é a única mulher negra na disputa eleitoral para a Prefeitura de São Paulo. Candidata pelo PSTU, uma legenda declarada socialista, ela afirma que o maior desafio de sua campanha é a possibilidade de apresentar o programa revolucionário do partido para combater as desigualdades.
“Os outros partidos de esquerda se intitulam reformistas porque apresentam propostas dentro de uma lógica capitalista. A minha candidatura é pela revolução, pelo fim do capitalismo, que vive a sua decadência; e um governo feito por mulheres, negros e pela classe trabalhadora”, afirma a candidata, em entrevista ao Alma Preta.
Vera Lúcia disputou a presidência da República em 2018, pelo PSTU, na primeira chapa 100% nordestina e socialista, ao lado do professor Hertz Dias.
Com cerca de 11 milhões de habitantes e problemas graves em diversas áreas e na infraestrutura, a maior cidade do país deve enfrentar uma grave crise econômica nos próximos anos. Vera Lúcia defende que a gestão mais adequada será por meio dos Conselhos Populares. “Vamos fazer eleições diretas para as subprefeituras e os conselhos populares terão poder coletivo de decidir sobre o que vai acontecer na cidade e na região.”, considera a candidata.
A campanha da candidata questiona a dívida não paga pelos mais ricos da cidade de São Paulo. A proposta é taxar as grandes fortunas. “Bancos e planos de saúde particulares devem R$ 100 bilhões para a prefeitura. As isenções das grandes empresas e instituições religiosas somam R$ 10 bilhões. Se a gente taxar só as fortunas de dez bilionários em 40%, dá R$ 185 bilhões. Dinheiro tem para fazer tudo o que a gente precisa, mas eles não vão querer dar isso de mão beijada”, avalia Vera Lúcia.
Sobre a violência contra a população negra e em especial a violência policial, que é alta na cidade, a candidata diz que o combate será prioridade em seu governo caso seja eleita. “Chega de naturalizar a violência contra corpos negros. O policial precisa ser educado para entender que ali está outro trabalhador, uma pessoa. Não vamos tolerar o racismo. O PSTU defende a desmilitarização das polícias”, promete.
Ausência no debate televisivo
Vera Lúcia relata que não foi convidada para participar do primeiro debate dos candidatos à prefeitura, exibido pela TV Bandeirantes na semana passada. Segundo a candidata, por conta dos critérios acordados entre a emissora e os partidos. São 14 candidatos, porém só 11 foram convidados. A Marina Helou (Rede) participou do debate por conta de uma liminar judicial.
“A campanha é controlada e viciada pelo poder econômico. A legislação favorece os grandes partidos, que vendem a própria alma. O que me chocou foi que nem Boulos, nem Orlando Silva e nem Marina não falaram nada sobre a existência de outros candidatos com outros pensamentos e que não estavam ali no debate”, pontua Vera Lúcia.