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Pela primeira vez na história, Salvador pode eleger uma mulher negra como prefeita

Vilma Reis e Fabya Reis são os nomes cotados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para entrar na disputa pela eleição municipal da cidade mais negra do país

23 de janeiro de 2020

Nas eleições municipais de 2020, Salvador terá a oportunidade de eleger pela primeira vez na história da cidade uma mulher negra. O Partido dos Trabalhadores (PT), após a intensificação do movimento “Eu Quero Ela”, uma reivindicação por um prefeito negro para a capital com mais de 80% da população de pretos e pardos, anunciou a pré-candidatura de Fabya Reis e Vilma Reis.

A primeira é a atual secretária da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e, a segunda, ex-ouvidora-geral da Defensoria Pública da Bahia. Caso a candidatura de uma delas seja confirmada, ambas defendem a participação política da população em uma agenda voltada para a melhoria das condições de vida da população soteropolitana.

Em entrevista ao Alma Preta, as pré-candidatas falaram sobre as possíveis propostas para a futura campanha eleitoral nas áreas de transporte público, geração de empregos e segurança pública.

Um dos maiores problemas de Salvador é o índice de desemprego. A cidade possui uma taxa de desocupação de 15,1%, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice coloca a cidade na 6ª posição no ranking de desemprego entre as capitais brasileiras.

Vilma Reis, que também é uma das figuras mais atuantes do movimento negro baiano, defende que a geração de postos de emprego em Salvador precisa de soluções criativas e especialmente voltadas para os maiores potenciais da cidade, a cultura e o turismo.

“Salvador é uma cidade de serviços e não industrial, como outras capitais brasileiras. O turismo é uma marca da cidade e tenho pensado no desenvolvimento de ações descentralizadas para cultura, esporte, lazer e valorização dos corredores culturais da cidade. Isso envolve o turismo, que ocorre em pontos como a Gamboa, onde a atividade de pesca é forte e está ligada às comunidades seculares com potencial para exploração do turismo de base comunitária”, afirma.

Para Fabya Reis, que também já passou pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), a geração de emprego em Salvador também deve abranger a descentralização da cultura, assim como políticas voltadas para o empreendedorismo.

“É importante investir no potencial de serviços à disposição da população em cada bairro. O bairro da Liberdade, por exemplo, pode ser um grande espaço cultural durante o ano inteiro e não apenas na época do carnaval, como acontece hoje. É preciso ainda diferenciar quais atividades de trabalho na cidade se tratam de empreendedorismo e subemprego, pois boa parte dos trabalhadores não têm condições de impulsionar suas atividades”, defende.

Transporte público e mobilidade urbana

Apesar de o índice de desemprego em Salvador ser um dos maiores entre as capitais brasileiras, o valor da tarifa do transporte público não deixa de aumentar. Em 2019, o valor da passagem subiu de R$ 3,70 para R$ 4. Segundo o atual prefeito Antonio Carlos Neto (DEM), em 2020 o valor será reajustado novamente.

As pré-candidatas Fabya Reis e Vilma Reis avaliam que áreas com grande impacto sobre a vida da população como o transporte devem envolver a sociedade civil no processo de tomada de decisão.

Uma das ideias de Vilma Reis é garantir a transparência da planilha de custos do transporte público. “É necessário abrir a planilha de custos do transporte e pensar em políticas de concessão que levem em conta a menor tarifa e as pessoas que mais precisam do transporte”, conta. Vilma acrescenta que o transporte público é um tema que deve ser visto como um direito básico da população. “O transporte público é uma questão de cidadania e a ausência do direito de ir e vir precisa ser tratada com a devida importância social”, pontua.

Fabya Reis defende a construção de obras para melhorar o trânsito de Salvador e a implementação de linhas de ônibus que atendem os moradores de regiões mais afastadas do centro. “A definição de qualquer programa de governo precisa ser construída por aqueles que serão usuários da política, consciente disso a cidade precisa de obras para desafogar o trânsito e a prefeitura não pode deixar de pensar em um serviço de ônibus adequado para quem vive na periferia e com um valor que cabe no bolso das pessoas”, sustenta.

Segurança pública

Mudanças na atuação da Guarda Civil Municipal (GCM) de Salvador também são vistas como fundamentais pelas pré-candidatas à prefeitura pelo PT. Para Fabya Reis, a GCM precisa de uma formação para atender às necessidades da população da cidade. “Justamente por Salvador ser uma cidade de serviços, as pessoas precisam ter a sensação de proteção. A GCM deve amparar as pessoas em vez de agir como uma polícia que persegue os trabalhadores informais”, avalia.

Vilma Reis também reitera que o papel da Guarda Civil Municipal (GCM) é proteger o patrimônio em vez de agir de forma extensiva como a Polícia Militar e investigativa como a Polícia Civil. “Nós lutamos por uma polícia que cumpra as leis e devemos reafirmar que a ação da GCM deve assegurar os direitos da população no cumprimento de seu papel”, pondera.

  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Passagens por UOL, Estadão, Automotive Business, Educação e Território, entre outras mídias.

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